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O Etarismo e os benefícios da intergeracionalidade nas empresas

A diversidade etária gera problemas ou benefícios aos negócios?

Diferente do que muitos pensam, o etarismo não atinge apenas os mais experientes, é muito forte também nos jovens que precisam ingressar no mercado de trabalho. Os impactos são fortes para ambos, conforme aponta a fundadora do Portal Projetando Pessoas, Coach, Mentora e Consultora Empresarial, Sandra Portugal, em entrevista exclusiva ao PME NEWS este mês.

Ela cita exemplos de programas adotados pelas empresas no combate ao preconceito etário e analisa este cenário com reflexões importantes. Confira!

Bastidores

  • Um estudo realizado pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) estima o crescimento de 13,3% nas vagas de estágio até o final deste ano e prevê também uma alta de 8,3% para 2023. O levantamento sinaliza que a motivação se deve pela quantidade de contratações contidas devido à pandemia e que foram retomadas em 2022. Mas somente em 2024 chegará ao patamar da pré-pandemia, com aumento de oportunidades de 15,7% em 2018.
    Segundo a pesquisa, o país conta hoje com 707.903 mil estagiários, a maioria no Sudeste (298.492), seguido do Nordeste (156.202), Sul (135.424), Centro-Oeste (72.833) e Norte (44.952).
    No aspecto socioeconômico, 40,4% dos estagiários são estudantes das classes D/E, com renda mensal familiar de até R$ 3 mil e 37,7% da classe C, com renda familiar de até R$ 7,2 mil.
    As atividades jurídicas, contabilidade e auditoria, pré-escola e ensino fundamental, órgãos da administração pública no nível estadual e municipal, e instituições de ensino superior são as áreas que mais contratam.
  • Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), com 1670 empresários entre os dias 24 e 31 de agosto aponta retomada do setor e crescimento para o segundo semestre. O estudo sinaliza que 45% dos entrevistados fecharam o mês de julho com lucro e apenas 19% trabalharam no prejuízo. O setor está otimista, 38% dos empresários entrevistados contratarão novos colaboradores até o fim do ano e apenas 7% irão demitir. Com relação ao número de empresas com empréstimos bancários, apenas 23% estão inadimplentes com empréstimos regulares e 15% com o Pronampe.

Novos Desafios

  • Gustavo Sotero assume cargo de Diretor Geral de Marcas da L’Oréal Luxe.
  • Rodin Spielmann é o novo CFO da NG CASH.

Dados Impressionantes

  • O novo relatório da Agência Internacional de Energia aponta que a energia limpa emprega 56% do total de trabalhadores do setor energético no mundo. São quase 40 milhões de profissionais que trabalham na construção de painéis solares, geração eólica, produção de biocombustíveis, veículos elétricos e sistemas de eficiência energética, superando assim os 32 milhões de pessoas que trabalham no setor de combustíveis fósseis, como petróleo, gás e carvão. O Acordo de Paris, tratado das Nações Unidas de 2015 sobre a Mudança do Clima, tem como objetivo, do mundo atingir emissões zero líquidas até 2050 e estima que 14 milhões de novos empregos de energia limpa serão criados até 2030.
  • Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado em setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas deve bater o recorde de 261,7 milhões de toneladas este ano, com o aumento de 3,3% comparados a 2021.
    O estudo aponta que a produção do arroz e a do feijão deverão atender ao consumo do mercado interno, com 10,6 milhões de toneladas e 3,1 milhões de toneladas, respectivamente. E a do café, 3,2 milhões de toneladas.
    Quanto a produção regional, o aumento comparado ao ano passado, o Centro-Oeste destaca-se com 11,4%, seguido da região Norte com 11%, Sudeste com 10,8% e do Nordeste com 10,3%. Já a previsão para a região Sul é de queda de 14,6%.
    Entre os estados, o Mato Grosso lidera com 30,8%; seguido do Paraná com 13,2%; Goiás com 10,3% e do Rio Grande do sul com 9,8%

Agenda

  • 18 a 20 de Outubro – São Paulo – SP
    Futurecom 2022
    Local: São Paulo Expo
  • 26 e 27 de Outubro – São Paulo – SP
    Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (7º edição)
    Local: Transamerica Expo Center

Entrevista

Esta coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.

Segue a entrevista de Sandra Portugal.

PME NEWS – O que é considerado etarismo no mundo profissional?

Sandra Portugal – Por definição o etarismo, ageísmo ou idadismo são traduções para o termo em inglês “ageism”, criado pelo médico psiquiatra Robert Neil Butler para definir o preconceito baseado na idade. Ou seja, trata-se da discriminação etária contra pessoas ou grupos.
Na minha opinião é a desvalorização dos profissionais preparados, com bagagem diferenciada, com energia produtiva, geradores de resultado!
É a generalização do entendimento pelos RHs, pela cultura empresarial e pelos valores pessoais de muitos, de que um profissional 50+ (às vezes até 45+) é idoso, sem atualização tecnológica e profissional, sem garra e dedicação em prol dos resultados das empresas.
E essa exclusão dá-se tanto pelas empresas empregadoras, quando de suas escolhas de investimentos em capacitação, de valorização em promoções, oportunidades de “job rotation” e aumentos de salário, e nos processos demissionais, mas também pelas empresas em geral em seus processos admissionais, de recrutamento e seleção, que eliminam os 50+ em suas regras de candidatura, ou discriminam na evolução nos processos de novas vagas.

PME NEWS – O etarismo é mais forte nas pessoas mais jovens ou nas mais experientes?

Sandra Portugal – O etarismo pode atingir qualquer faixa etária, entretanto as pessoas com mais de 50 anos são as mais afetadas.
Etarismo existe também para os mais jovens, mas é menos impactante, pois a geração “millenium” e a era das “start-ups”, a juniorização das empresas, têm colocado em holofote a inegável energia, criatividade e ousadia inovadora dos Profissionais entre 20 e 35 anos.
Idade não significa acomodação, desmotivação e falta de garra.
Rotular um profissional acima de 45 anos como velho, sem energia, incapaz de se transformar e mudar, ter ideias criativas e inovadoras é uma discriminação enorme.
Existem profissionais desmotivados, incompetentes, sem saúde emocional e sem gana de viver de todas as idades.
Em nenhum momento eu incentivo a preservação dos idosos que não agregam valor com suas experiências e seu trabalho, que se tornam peso para a organização.
Mas critério de demissão, critério de participação em processos de aceleração de carreira, de participar de eventos e cursos das empresas, de não elegíveis às candidaturas de promoção ou de admissão em cargos?
Há de se pensar no futuro das organizações, nas políticas públicas e regras de aposentadoria, na curva de carreira e especialmente na longevidade da geração “millenium”. Espero que eles cheguem saudáveis e com muita energia aos 40-50-60 anos!
Como eles manterão seus empregos, seus cargos, seu padrão de vida?

PME NEWS – Como incluir os profissionais mais experientes, ditos “idosos”, no dia-a-dia das organizações? Quais as vantagens de um profissional 50+?

Sandra Portugal – As organizações precisam entender que é necessário um ponto de equilíbrio entre a juniorização e a senioridade nas empresas.
A senioridade é definida pelo tempo de atuação no mercado de trabalho, maturidade profissional, grau de responsabilidade das tarefas que desempenha e aspectos como formação e conhecimento.
A energia e sangue jovem fazem falta, mas os cabelos brancos, a vivência e os calos nas mãos são de grande relevância!

Quais as vantagens de um profissional 50+?

– Senioridade para tomada de decisões;
– Paciência e capacidade de visão de causa e de consequência;
– Sabedoria para lidar com crises;
– Habilidade de gestão de conflito;
– Serenidade e autocontrole;
– Respeito e ética;
– Gestão de tempo;
– Comprometimento com resultados, contribuindo muito com a sustentabilidade da empresa.

E para as empresas a grande vantagem é entender o que é o balanço perfeito, entre vantagens e desvantagens do “senior” platinado e dos jovens com sede de ascensão.
Um profissional Júnior precisa desenvolver habilidades e “skills” comportamentais e de liderança.
A retenção dos jovens profissionais passou a ser um grande desafio para os RHs e empresas.
Eles querem o momentâneo, sem se aprofundar nos contextos.
Na grande maioria dos casos falta humildade em ouvir, dar a voz, escutar, especialmente se forem opiniões dos mais velhos.
A carreira dos jovens é uma trajetória em Z, mudando de empresa em empresa, de 2 em 2 anos, por promoções e aumentos salariais, com muita ambição e sem fidelização ou compromisso com as empresas.
Como manter a sustentabilidade de um negócio com alta rotatividade e instabilidade na gestão?
Defendi a intergeracionalidade na matéria de O Globo em 2021 sobre os perennials. Considero a integração de gerações positiva e produtiva, pois o ganha-ganha é certo!

PME NEWS – Qual o impacto da diversidade etária nos negócios?

Sandra Portugal – Já falamos que a oxigenação da organização é desejável, em todos os aspectos de diversidade e de inclusão.
A bandeira de inclusão está em pauta das organizações.
A conscientização e a criação de uma cultura plural, em especial a diversidade etária, trazem impactos positivos às empresas, aos negócios, às famílias, à sociedade, à economia, à saúde pública e aos Países.
Mas muito pouco está se fazendo para combater o etarismo, e é consenso que existe de forma velada nas organizações um bloqueio para pessoas de 50+.
E é muito forte a onda do “Young Talent” para reduzir a média etária das empresas.
No curto prazo os custos são reduzidos, pois em tese os seniors são mais caros para as empresas.
Mas a ausência da solidez da experiência causa impacto nas mudanças empresariais, nas tomadas de decisão e nos resultados.
Há descompasso da faixa etária dos profissionais que desenham e entregam os produtos das empresas e a faixa etária dos consumidores.
Nas start-ups já há gap de bagagem de solidez de experiências práticas, de bases em processos e procedimentos, modelos de gestão e de governança, perfis de gestão de pessoas que equilibrem inovação, tecnologia e o humano.

Para refletirmos:
Qual é a média etária da sua empresa?
Qual é o % de 50+ nos quadros da sua empresa? E na sua equipe?
Os 50+ são incluídos em promoções, em capacitação e aumentos de salário?
Das demissões ocorridas quantos foram de 50+?
As vagas permitem candidaturas de 50+?
E você, contrataria um 50+?

PME NEWS – Cite exemplos de programas adotados pelas empresas para a inclusão de pessoas com idades acima de 50 anos? E que medidas vêm sendo tomadas pelas empresas para combater o preconceito etário?

Sandra Portugal – A Heineken, a Credicard, a EY, a Accenture, dentre outras são exemplos de empresas que estão investindo em programas de etarismo.
Um dos bons exemplos é o procedimento de recrutamento às cegas onde os processos admissionais, de trainees e de estágio, são feitos sem informar nome, gênero, raça, cor, idade, que faculdade estudou, que bairro mora, por exemplo. Isso é inclusão!
Mas os contra-exemplos ainda são mais expressivos.
Indústrias demitindo engenheiros experientes, deixando gaps que nenhum robô suprirá.
Universidades demitindo professores que são ícones de sabedoria.
Empresas de óleo e gás que ainda possuem política de não contratar 50+.
Empresa do segmento bancário, “inovadora”, saindo na mídia por discriminação ao colaborador senior demais!
Empresas incluindo Diretoria de Diversidade e Inclusão apartada do RH, o que por si só já explicita que a empresa não é diversa e nem inclusa.
Nós, os profissionais de 50+, chegamos a um cenário em que somos muito jovens para a aposentadoria e muito velhos para o mercado de trabalho.
E as vagas ofertadas são muito básicas, não aproveitam o “know-how” do profissional.
O mercado se restringe ao empreendedorismo, à consultoria e às posições nos conselhos de empresas.

Para refletirmos:
Quantos profissionais 50+ desempregados vocês conhecem?
Quantos estão desempregados há mais de 1 ano?
Qual é a taxa de entrevistas conseguidas para os 50+?

E como esses profissionais se posicionam para o retorno ao mercado de trabalho, para ousar seguir em frente com as candidaturas, ter garra para competir nos processos e ser resiliente nas eliminações mantendo sua crença no futuro e autoestima?

PME NEWS – Se a idade não define competência, qual é a “idade” certa para um cargo?

Sandra Portugal – Segundo o Valor Econômico a idade média dos CEOs das 70 empresas que compõem o Ibovespa é de 53,6 anos.
Só duas companhias têm à frente executivos com menos de 40 anos: MRV e Cyrela.
Em ambos os casos, os presidentes-executivos são herdeiros dos fundadores.
Na área política brasileira, a idade dos chefes dos Estados é de 52 anos, sendo que o governador mais idoso tem 69 anos.
A média histórica de presidentes da república na data da posse é de 58 anos.
Na atual disputa presidencial temos Bolsonaro com 66 anos, Lula com 75 anos, Ciro com 64 anos e Simone Tebet com 52 anos, ou seja , todos 50+.
E o candidato mais velho para deputado federal nessas eleições tem 95 anos.
No empreendedorismo, inúmeros sãos os casos de sucessos após os 50 anos: Nestlé, Coca-Cola, IBM, McDonalds, Starbucks, KFC.
E temos exemplos inspiradores de empresários brasileiros no comando de seus negócios e atuando como conselheiros como Jorge Lemann, Abilio Diniz, Seabra da Natura, Luiza Trajano.

PME NEWS – A longevidade é fato, como cuidar da longevidade das carreiras e da empregabilidade dos profissionais 50+?

Sandra Portugal – É necessário considerar que a população brasileira está envelhecendo.

A Maturi e a EY desenvolveram um trabalho sobre etarismo, ressaltando que:

“Enquanto a população do Brasil envelhece e as regras para a aposentadoria ficam cada vez mais complexas…mais de 700 mil profissionais 50+ perderam seus empregos durante a pandemia.”

Na pandemia, foram quase 700 mil mortos, conforme Márcia Monteiro em matéria Linkedin. O IPEA prevê o encolhimento acelerado da população brasileira, estimada para 2030.
“Essa população menor estará mais velha: um em cada quatro brasileiros será 60+ em 2040 sendo que 57% da força ativa terão 45+.
A gigante parcela de mão de obra jovem que marcou o Brasil durante as últimas décadas vai diminuir em todo o país.
O mercado vai precisar se adequar à nova realidade”.

Então a mensagem final é:
– Resiliência!
– Invista em você, cuide da saúde física e mental!
– Busque a evolução contínua!
– Reinvente-se!

Em resumo a dura realidade é que há muito preconceito etário.
Falta visão e consciência de que esse cenário é real e acontece com todos!
Falta crença de que a idade não nos define!
A “velhice” está na mente das pessoas
Quem envelhece é porque não morreu!
E o etarismo permeia todos os demais preconceitos.

Pense Nisso

“Qual é a média etária da sua empresa?
Qual é o % de 50+ nos quadros da sua empresa? E na sua equipe?
Os 50+ são incluídos em promoções, em capacitação e aumentos de salário?
Das demissões ocorridas quantos foram de 50+?
As vagas permitem candidaturas de 50+?
E você, contrataria um 50+?
Quantos profissionais 50+ desempregados vocês conhecem?
Quantos estão desempregados há mais de 1 ano?
Qual é a taxa de entrevistas conseguidas para os 50+?”.

Sandra Portugal

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