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Você Tem Fome de Quê?

Gaspar Carreira Jr.
CEO da GC Experts

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Recentemente, li e reli um artigo impactante da autora Betania Tanure no Valor Econômico, que aborda a relação entre fome e propósito na vida profissional e pessoal. Essa leitura me fez refletir profundamente sobre minhas próprias experiências e percepções.

Já vivi períodos de muita fome – fome de sucesso, fome de conquistas, fome de crescimento. Trabalhei em uma empresa faminta, onde o apetite por resultados era incessante. Nesse período, cresci profissionalmente e fiz uma reserva financeira, mas, por outro lado, vi a vida passar pela janela, muitas vezes fechada.

Betania Tanure sugere que a fome pode ser justificada e até benéfica quando alinhada com um propósito. No entanto, hoje, com uma visão amadurecida, e respeitosamente, questiono se é realmente necessário ter fome para alcançar e seguir um propósito.

Afinal, quem tem propósito precisa ter fome? O propósito, por si só, já não é suficiente para nos mover?

Acredito que sim. O propósito, quando bem definido e alinhado com nossos valores, pode e deve ser uma força motriz suficiente. Ele nos proporciona direção, motivação e um senso de realização. Com o propósito, conquistamos nossas metas na cadência correta, sem destruir nossa saúde mental, nossos relacionamentos ou outros aspectos importantes da vida.

A música “Comida” dos Titãs vem à mente com a pergunta: “Você tem fome de quê?”. Esse questionamento nos convida a refletir sobre nossos verdadeiros desejos e necessidades. Ter um propósito não significa ter uma fome insaciável, mas sim encontrar um equilíbrio saudável que nos permita crescer e realizar nossos sonhos de forma sustentável.

Portanto, ao invés de nos guiarmos por uma fome constante que pode levar ao esgotamento, devemos buscar entender e definir nosso propósito. Esse propósito será a bússola que nos guiará, garantindo que nossas conquistas venham sem comprometer nossa integridade e bem-estar.

Penso em meu lado empresário, lembro que sou sócio de duas empresas (o CELINT e a GC Experts), e vejo como tema é particularmente relevante. É crucial criar ambientes corporativos onde o propósito esteja claramente definido e seja compartilhado por todos. Uma organização guiada pelo propósito, ao invés de pela fome incessante de resultados, tende a ser mais saudável, inovadora e sustentável a longo prazo, veja como penso:

  1. Defina e Comunique o Propósito: Assegure-se de que o propósito da empresa está claro para todos os colaboradores. Esse propósito deve ser inspirador e estar alinhado com os valores da organização.
  2. Fomente um Ambiente de Equilíbrio: Incentive um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal. Funcionários que se sentem valorizados e equilibrados tendem a ser mais produtivos e leais.
  3. Promova o Crescimento Sustentável: Priorize o crescimento sustentável ao invés do crescimento a qualquer custo. Isso inclui cuidar do bem-estar dos colaboradores, respeitar os recursos naturais e contribuir para a comunidade.
  4. Inspire pelo Exemplo: Líderes devem ser exemplos vivos do propósito da empresa. Suas ações e decisões devem refletir os valores e a missão da organização.
  5. Adote Boas Práticas de Governança: Implementar boas práticas de governança corporativa para assegurar que o propósito seja integrado em todas as camadas da organização.

Falando nela, e agora do ponto de vista do Gaspar Conselheiro, a governança corporativa desempenha um papel fundamental em garantir que o propósito da empresa seja efetivamente incorporado em todas as suas operações e cultura. Aqui estão algumas formas de como a governança corporativa pode ajudar nessa questão:

  1. Definição Clara da Visão, Valores e Missão: A governança deve assegurar que a missão e os valores da empresa estejam bem definidos e sejam comunicados de forma clara a todos os stakeholders. Isso cria uma base sólida para que o propósito seja integrado nas atividades diárias, e ajuda na busca rumo aos objetivos da empresa (Visão)
  2. Tomada de Decisões Transparente: Processos de governança eficazes promovem a transparência na tomada de decisões, garantindo que todas as ações estejam alinhadas com o propósito e os valores da organização.
  3. Responsabilidade e Prestação de Contas: Um bom sistema de governança estabelece mecanismos de responsabilidade e prestação de contas, onde líderes e colaboradores são incentivados a agir de acordo com o propósito da empresa.
  4. Engajamento dos Stakeholders: A governança corporativa deve envolver todos os stakeholders – incluindo funcionários, clientes, fornecedores e a comunidade – na definição e realização do propósito da empresa. Isso garante uma visão holística e sustentável.
  5. Monitoramento e Avaliação: Implementar métricas e indicadores de desempenho que não se restrinjam apenas aos resultados financeiros, mas que também avaliem o impacto social, ambiental e ético das ações da empresa.

Convido todos a refletirem sobre suas próprias jornadas. Você tem fome de quê?

E mais importante, qual é o seu propósito?

Que possamos todos encontrar essa resposta e seguir em frente com determinação, mas também com equilíbrio e consciência.

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