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Conhecimento: Saber ou Saber Fazer?

Roberto Pereira
Senior Business Advisor

No livro “Outliers” (Malcolm Gladwell, 2011), traduzido para o Português como “Fora de Série”, o autor procura demonstrar evidências de por que algumas pessoas têm sucesso e outras não.

“Baseando-se na história de celebridades como Bill Gates, os Beatles e Mozart, Malcolm Gladwell mostra que ninguém “se faz sozinho”. Todos os que se destacam por uma atuação fenomenal são, invariavelmente, pessoas que se beneficiaram de oportunidades incríveis, vantagens ocultas e heranças culturais. Tiveram a chance de aprender, trabalhar duro e interagir com o mundo de uma forma singular.” (Amazon, Dezembro de 2011)

Ao longo de seu livro, Gladwell se refere repetidamente à “regra das 10.000 horas”, afirmando que a chave para alcançar verdadeira expertise em qualquer habilidade é simplesmente uma questão de praticar, sempre da maneira correta, por pelo menos 10.000 horas.

Talvez, ao fixar o número de 10.000 horas, Gladwell tenha exagerado, mas é fato que para se alcançar uma determinada expertise faz-se necessário praticar durante um bom período de tempo.

Um exemplo da aplicação dessa REGRA, apresentado no livro de Gladwell, é o caso do Conjunto Musical The Beatles, o qual, ao ir para Hamburgo (Alemanha Ocidental), no início da carreira, se apresentou regularmente em diferentes clubes e pubs, durante o período de agosto de 1960 a maio de 1962. Este foi um capítulo na história do grupo que aprimorou suas habilidades de performance, ampliou sua reputação e levou à sua primeira gravação, que chamou a atenção de Brian Epstein.

Por 22 meses, os Beatles se apresentaram quase todas as noites, o que permitiu ao grupo adquirir a expertise que, logo a seguir, se traduziria em composições de muito sucesso e abriria as portas da fama mundial para a banda.

Voltemos agora a nossa atenção para a atualidade, onde temos mudanças ocorrendo de forma acelerada, graças ao tsunami tecnológico que nos envolve. Uma pergunta recorrente destes tempos é: “na atual conjuntura, o que vale mais: saber ou saber fazer?”.

Peter Drucker, no livro Sociedade Pós-Capitalista (1993), apresenta o conceito da Sociedade do Conhecimento, onde temos os trabalhadores do conhecimento e os trabalhadores em serviços. Essa é a sociedade atual, onde, mais do que saber algo, é preciso também saber fazer algo.

Contudo, na atual conjuntura, tanto “o saber”, quanto “o saber fazer” são importantes, e a relevância de cada um pode variar conforme o ambiente e a situação.

O saber está associado à teoria / conhecimento, ao passo que o saber fazer está associado à prática / aplicação.

Ter uma base sólida de saberes proporciona a capacidade de pensar criticamente, resolver problemas complexos, inovar e adaptar-se a novas situações.

Por outro lado, a habilidade de aplicar o conhecimento na prática tem se tornado cada vez mais importante, especialmente em um mundo onde a tecnologia e as demandas do mercado estão em constante mudança.

Antes de ir para a conclusão, apresento uma questão adicional: “o que é melhor para as empresas, o profissional especialista ou o generalista?”.

No livro “Por Que os Generalistas Vencem em um Mundo de Especialistas” (David Epstein, 2020), o autor explica como, em um mundo cada vez mais especializado, os profissionais mais valorizados e mais bem-sucedidos em suas áreas de atuação são os generalistas, aqueles que pensam fora da caixa e encontram saídas para problemas aparentemente insolúveis por meio da conexão entre áreas e ideias, a princípio, incompatíveis.

Não tenho dúvida de que o profissional especialista é fundamental para as empresas, uma vez que todas elas precisam ter foco numa determinada área do conhecimento, numa determinada especialização.

Quando a empresa começa a diversificar os seus produtos e/ou serviços, ou ambos, o foco é perdido e os resultados começam a ficar prejudicados.

Contudo, é cada vez mais estratégico para as empresas terem profissionais generalistas em seus quadros de capital humano.

Esses profissionais generalistas, quando colocados em certas funções da empresa, como em cargos de liderança, por exemplo, levam vantagem sobre os profissionais especialistas, se saem melhor, resolvem problemas, vencem desafios.

Portanto, na atualidade, em que a mudança é constante e a inovação está em alta, existe uma tendência crescente de que “saber fazer” – a capacidade de aplicar o conhecimento de maneira prática e eficiente – seja um fator decisivo no mercado de trabalho. Por outro lado, o aprendizado contínuo e a adaptação a novas tecnologias e processos também exigem um equilíbrio entre o saber e o saber fazer.

Então, podemos concluir que o ideal é que ambos caminhem juntos. Ter conhecimento é essencial, mas ser capaz de transformar esse conhecimento em ação eficaz e prática é o que frequentemente determina o sucesso no mundo moderno.

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