Entrevista concedida pelo CEO da ASCS Contadores Associados, Anderson Campos, ao PME NEWS, edição de Setembro de 2019 – Tema: “A Nova Contabilidade e os desafios para atender o mercado”.
PME NEWS – Qual o principal compromisso da “Nova Contabilidade” para as Pequenas e Médias Empresas?
Anderson Campos – Durante anos, contadores criaram um estereótipo de passividade, de algo acessório exclusivamente ao fisco, que já chegava com a marca de vilão das altas cargas tributárias que carregamos na nossa cadeia produtiva. Atualmente a chamada “Nova Contabilidade” é acompanhada de novos empreendedores, que trouxeram a tecnologia, novas especializações e introduziram o que podemos chamar hoje de “Empresa de Contabilidade”. A “Nova Contabilidade” possui especialização de negócios de A – Z, ou seja, contempla a Contabilidade Tradicional, que cuidava apenas dos livros obrigatórios, das declarações para os órgãos tributantes e seus respectivos tributos, com a Contabilidade Moderna, a qual apoia os empreendedores na análise do passado, presente e do futuro proporcionando, por exemplo, um balanço projetado com base no orçamento e nele construir um Fluxo de Caixa Projetado que indicará o que a empresa necessitará de capital de giro futuro para manter a sua liquidez e projetar investimentos.
Assim, a “Nova Contabilidade” visa proporcionar principalmente as Pequenas e Médias Empresas, que, em muitos casos possuem recursos limitados, o apoio necessário para atender as premissas que o mercado exige, além de contribuir estrategicamente para seus clientes se destacarem no seu negócio.
PME NEWS – Qual o papel da tecnologia para a “Nova Contabilidade”?
Anderson Campos – A tecnologia proporciona uma dinâmica maior no apoio do nível operacional das empresas, permitindo que possamos corrigir o rumo da operação de maneira muito mais eficaz, mas isso requer acompanhamento de métricas, os chamados KPI’s (Key Performance Indicator). Essas métricas permitem-nos conduzir distorções percebidas no decorrer de um período e traçar uma estratégia para recuperar a competitividade ou o nível operacional planejado. Destaco também as plataformas para fiscalização “out company” aplicada pela Receita Federal, Estados e Municípios, as quais perceberão algum erro ou tributo em aberto, não sendo preciso fiscalizar as empresas de forma presencial. Muitas abreviações tecnológicas (ECF, ECD, REINF, SPED, NFE, E-Social, etc), apesar de causarem “calafrios” para os profissionais de contabilidade, são de extrema importância para o nosso dia a dia.
PME NEWS – Quais são as áreas de atuação de um profissional de contabilidade? E quais as áreas vêm se destacando nos últimos anos?
Anderson Campos – O profissional formado em ciências contábeis pode atuar nas seguintes áreas: contador, analista financeiro, auditor contábil, consultor financeiro (finanças, tributos, comércio exterior, dentre outros). Os cargos de auditoria e gerência vêm se destacando nos últimos anos. Para empresas de médio e grande porte, deve-se muito pela conformidade de políticas de Compliance estimuladas por maior transparência oriunda dos acontecimentos de corrupção no cenário público-privado. Profissionais da área contábil, administrativa, jurídica e financeira são fortes para atender esse cenário. O Controller também está em alta, principalmente para empresas que estão se reestruturando e precisam melhorar o caixa da empresa.
Para o cenário PME, a área contábil destaca-se por abranger não apenas a contabilidade, mas demais áreas como a fiscal, controladoria e planejamento financeiro. E empresas desse porte, em muitos casos, possuem uma estrutura limitada e recorrem a apoio de empresas de contabilidade, que possuem habilidade e know how para atender a forte demanda do mercado, carente de um apoio profissional de uma área em constante mudança.
PME NEWS – Como as mudanças em andamento podem impactar no mercado, tanto para o setor, quanto para os clientes?
Anderson Campos – Vivemos um momento de Reformas (Previdência e Tributária) e o certo é que o governo seguirá na estratégia de não perder arrecadação, e esses níveis de informação quando mal observados podem gerar grandes riscos, como por exemplo, multas e juros. Diante dessas e de demais mudanças, tanto o setor como os clientes precisam se preparar de forma rápida para se adaptarem as mudanças e minimizarem os riscos e maximizarem a expectativa de sucesso.
PME NEWS – A complexidade tributária gera riscos ao empresário, se mal administrada. Como o planejamento tributário poderá contribuir para o bom desempenho da empresa?
Anderson Campos – A complexidade tributária no Brasil subdivide-se em aproximadamente 5.570 municípios, 26 estados e o distrito federal com os seus principais tributos que são o ISS e o ICMS, somam-se a estes os tributos federais, IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, CIDE etc, além dos previdenciários. Você imagina o risco de uma assessoria contábil e tributária sem a expertise necessária? Além do risco operacional na formação do preço do serviço ou produto, temos riscos na apuração do pagamento e suas respectivas declarações, que oferecem riscos de multas punitivas absurdamente altas.
O bom planejamento tributário pode reduzir a carga tributária, além de oferecer uma melhor capacidade na formação de preços de produtos e serviços tornando-os mais competitivos que os seus concorrentes. Cito como exemplo de sucesso uma plataforma de planejamento tributário que utilizamos direcionada para a cadeia farmacêutica e de hotelaria, e que proporcionam reduções tributárias muito significativas para a satisfação de nossos clientes.
PME NEWS – Que sinais devem ser observados pelos empresários para contratar uma empresa contábil de qualidade?
Anderson Campos – As empresas percebem que os escritórios de contabilidade precisam acompanhar o cenário atual, seja com infraestrutura tecnológica como adaptadas de forma rápida para atender as mudanças. O formato “tesouraria”, com foco apenas operacional, está com os dias contados. Na ASCS a qual sou sócio, atuamos de forma proativa quanto às mudanças do mercado e com o foco no apoio consultivo aos nossos clientes para que eles se concentrem na sua atividade fim. O cenário exige que as empresas se modernizem, as empresas da “Nova Contabilidade” não dispõem apenas da tecnologia como diferencial, mas da agilidade em atender a demanda de forma consultiva, baseada no modelo de processos de sua gestão.
PME NEWS – Que dicas você daria ao empresário e ao profissional do setor?
Anderson Campos – Faça uma imersão no seu cliente, mostre para ele que você tem interesse na sua operação, sinta-se incomodado com a dificuldade dele. Se o seu cliente está vendendo mal, faça benchmarking no mercado, tente descobrir maneiras de ajudá-los, busque informações e novidades no setor e se faça presente a todo tempo. Para todos os meus clientes novos, eu faço a seguinte pergunta: O que gera o descontrole em uma companhia? A maioria dos descontroles aponta para a geração de caixa. Realmente, ela é capaz de gerar uma falsa sensação de segurança, então quando um empresário percebe que o seu endividamento subiu, seus estoques são imprecisos e o caixa está apertado, então é aí que ele nota que precisa de ajuda. E nós precisamos demonstrar para esses empresários que não somos despesas, mas sim aliados para uma empresa sólida e com liquidez segura. Nós não registramos números, nós traduzimos resultado e projetamos futuro.