Esta coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.
Segue abaixo a entrevista de Jeferson Dantas.
PME NEWS – Como o domínio do idioma português contribui para a carreira profissional?
Jeferson Dantas – Primeiramente, a Língua Portuguesa é a língua do nosso país e todos os tipos de contatos, em princípio, são feitos em português. Logo, conhecê-la e saber se expressar nela é fundamental para seguir bem como um bom profissional. Em qualquer carreira, indubitavelmente, o profissional será muito bem visto se souber falar e escrever em sua língua com correção e maestria. Usar bem a Língua Portuguesa é o seu principal cartão de visitas. Hoje empresas já investem em cursos de atualização de Português para seus funcionários a fim de evitar problemas de comunicação e textos mal redigidos. Quanto mais você for conhecedor de sua língua, mais chances e oportunidades de ter uma carreira de sucesso.
PME NEWS – Por que as empresas priorizam o conhecimento do idioma estrangeiro no processo de seleção?
Jeferson Correia Dantas – Sem dúvida, as empresas chamadas “multinacionais” precisam de funcionários com fluência em alguma língua estrangeira para ter um melhor contato com os clientes (quando de outras nacionalidades) e também por considerarem que o candidato ao emprego, por ser brasileiro, já domine seu próprio idioma. Porém, isso vem mudando. Muitas empresas já repararam que a exigência da língua estrangeira foi tão forte que andaram esquecendo o idioma nacional. Dessa maneira, muitas vêm investindo em aulas para seus funcionários a fim de diminuir os diversos problemas provenientes pelo mau uso da língua nacional. Desde ficar mal visto perante os clientes até dificultar no entendimento de mensagens trocadas dentro da empresa.
PME NEWS – Quais os principais erros de português cometidos no ambiente de trabalho?
Jeferson Dantas – Infelizmente, são muitos os problemas relacionados ao uso da Língua Portuguesa em ambientes empresariais. Às vezes, ao querer falar “bonito”, o funcionário comete gafes imperdoáveis. Eis alguns erros (ou desvios linguísticos) mais comuns:
1) “Analizar”, em vez de “analisar” – erro muito comum;
2) Invenção de verbos, tais como: “elencar”, “relativizar”, “carnavalizar”, entre outros, inclusive com a conjugação dos mesmos;
3) “Fazem dez anos …”, em vez de “faz dez anos – erro muito comum, tanto na forma escrita como na falada;
4) “Vamos reverter a situação financeira da empresa”, quando a intenção seria “inverter” a situação da empresa;
5) Os erros de pontuação são muito comuns, especialmente, no uso das vírgulas; as pessoas separam os sujeitos dos predicados e se esquecem de usar as vírgulas nos apostos, entre outros erros;
6) Erros escritos de palavras com “ç”, “s” e “ss”, tais como: sessão, seção, cessão, intenção, caução etc;
7) Uso do verbo “haver”: “a empresa começou esse trabalho a 10 anos”, em vez de “há 10 anos” – erro muito comum;
8) “Haja visto”, em vez de “haja vista” – erro muito comum, tanto escrito como falado;
9) “Afim de”, em vez de “a fim de”;
10) “O chefe interviu em favor do empregado”, em vez de “o chefe interveio …” – erro muito comum, tanto escrito como falado.
Muitos outros exemplos poderiam ser incluídos nessa lista, no entanto esses já ilustram muito bem o que se pode observar nas empresas.
PME NEWS – A tecnologia compromete ou ajuda no emprego correto do português nas empresas?
Jeferson Dantas – A tecnologia tem servido mais de desculpa do que tem culpa do que falam ou escrevem as pessoas. Ela não redige os documentos, mas sim as pessoas; ela não digita os textos nos celulares, mas sim as pessoas. Ora, se existe uma presteza incondicional em reconhecer e mexer em cada nova tecnologia que aparece, como seria ela a culpada do emprego incorreto da língua? Na verdade, a tecnologia interfere bem menos do que pensam. Ninguém produz um texto formal pensando em usar os códigos utilizados nas mensagens e e-mails. A tecnologia está aí para ajudar em todos os sentidos e não compromete no uso da língua; até ajuda em algumas situações. Cabe sim ao usuário da língua ter mais atenção ao falar e escrever a nossa bela língua portuguesa. É ela um dos elementos incondicionais para que cada um saiba que pertence a uma nação, a nação brasileira: “A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil” (ART. 13 da CFB).