Essa coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.
Segue abaixo a entrevista do consultor Anselmo Brigantini, especializado em BIG DATA.
PME NEWS – Qual impacto que o BIG DATA pode causar nos negócios e nas pessoas?
Anselmo Brigantini – As pessoas já estão completamente impactadas pelo BIG DATA, ainda que em graus diferentes. Quando avaliamos as gerações baby boomer (nascidos entre 1945 e 1964), geração X (1965-1980) e Y (após 1980), cada uma tem uma forma diferente de entender, encarar e utilizar facilidades tecnológicas e ambientes on-line com grandes volumes e variedades de dados, que nos são apresentados numa velocidade cada vez maior. Qualquer um que utilize o Google, que tenha um Facebook ou LinkedIn, que tenha um blog ou navegue sistematicamente pela internet já está impactado. Escolher como utilizar tudo isso para tornar a vida melhor é a escolha de QUAL impacto se quer trazer para a vida.
No mundo dos negócios desde o início do século passado, quando a caderneta de anotações servia para o “seu Zé da mercearia” anotar as compras dos clientes, quem se destacava era aquele que, pensando na satisfação deles, clientes, percebia hábitos e rotinas de consumo, e ampliava o seu negócio baseado em tentativas de oferecer produtos mais atrativos e de valores maiores. Hoje com recursos da tecnologia, o BIG DATA, chega para gerar RESULTADOS, e tem como base os 5V´s – VOLUME de dados, VARIEDADE da informação, VELOCIDADE dos resultados, VERACIDADE dos fatos e VALOR para o cliente.
PME NEWS – O BIG DATA pode ser aplicado nas pequenas empresas?
Anselmo Brigantini – Com certeza! Com o BIG DATA é possível gerar resultados rápidos, inteligentes e estratégicos, em cima do volume e variedade de dados da empresa. A forma de como isso será feito, não requer necessariamente custo elevado, pelo contrário, pode ser até gratuito. Cito como exemplo, o caso de uma pequena empresa especializada em conserto de telhados que se apoderou de uma tecnologia muito simples, sem custo, para revolucionar o seu negócio. Ao invés de esperar que uma goteira mova o seu cliente para pedir uma vistoria e um orçamento, a empresa agiu proativamente e fez um mapeamento remoto nos telhados de uma determinada região, utilizando o Google Earth, e envia um email alertando o morador sobre um problema encontrado. E desenvolveu uma metodologia simples, onde um funcionário, orientado por acontecimentos do tempo ou pela idade média das casas de uma região, gera “leads” (oportunidades de negócios) a todo o momento. Garantindo assim maior dinâmica em seus negócios, com resultados.
PME NEWS – Quais segmentos se beneficiarão mais com o BIG DATA?
Anselmo Brigantini – Todo o segmento que entender que o conteúdo da informação é estratégico para alavancar seu negócio se beneficiará com o BIG DATA. Deste cenário, destaco o setor de varejo, por já estar antenado as tendências do mercado, envolvendo fornecedores, concorrentes e principalmente consumidores em massa, seja “on line” e “off line”. E conta com o apoio da tecnologia, para analisar melhor seu comportamento e executar ações, agregando Valor para o ciclo do negócio.
Um bom exemplo é da varejista americana Dollar General, que percebeu através das combinações de produtos que seus clientes põem nos carrinhos, chegou a conclusão de que, quem bebe Gatorade tem mais chances de comprar laxantes. Outras empresas de varejo, como o WalMart e Kohl’s, utilizam o BIG DATA estrategicamente para analisar preços, variações econômicas e até o clima das regiões para promover produtos em determinadas lojas, nos momentos certos”.
PME NEWS – Profissionais que trabalham com BIG DATA, são mais valorizados?
Anselmo Brigantini – A informação é o segredo de bons negócios. Ela está na “nuvem”, no smartphone, nas redes sociais, fotos, vídeos, enfim, em todos os lugares. A forma de como ela é extraída e analisada é vital para obter o resultado esperado.
Exatamente por essa complexidade e devida à rápida evolução desse cenário, surge um novo profissional, o cientista de dados, também conhecidos como “profissional BIG DATA”. Possuem um perfil mais diversificado, com conhecimento técnico, marketing e principalmente de negócios. Por ainda haver uma carência de talentos nessa área, são muito valorizados.
No Brasil, as universidades ainda não oferecem cursos de graduação para formação de cientistas de dados. Entretanto, algumas instituições estão se mobilizando para capacitar talentos para atender a demanda em cursos de pós-graduação. Cito como exemplo, a Escola de Matemática Aplicada (Emap) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro que está oferecendo especialização em BIG DATA. Outro exemplo envolve parcerias de empresas com instituições de ensino, como é o caso da Serasa Experian, que fechou uma parceria com a Fundação Instituto de Administração (FIA) da Universidade de São Paulo (USP) para oferecer uma pós-graduação em “Inteligência Analítica”, com duração de 18 meses, para seus funcionários.