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REALIZAÇÃO: Bit Partner | DIREÇÃO: Sidney Cohen

Empresa Familiar e os desafios da gestão à sucessão

Segundo o estudo do Sebrae divulgado no ano passado,  52% das micro e pequenas empresas brasileiras podem ser consideradas familiares. Para o cenário das empresas de pequeno porte, 59% dessas empresas têm sócios ou empregados da mesma família. Nas microempresas esse percentual cai para 51%. Já nos Microempreendedores Individuais, MEIs,  a taxa é de 25%.

Na entrevista desse mês, a consultora especialista em empresa familiar, Sandra Regina da Luz Inácio, orienta o leitor com dicas e sugestões importantes para a melhoria constante na gestão familiar e sinaliza como lidar com as diferenças entre gerações.

Bastidores

  • O estudo global realizado pela Edelman Earned Brand 2018, com 8 mil pessoas de 8 países  (Brasil, China, França, Alemanha, Índia, Japão, Reino Unido e Estados Unidos) aponta que a questão social ou política influencia no poder de compras. Quanto ao público brasileiro, 69% compram ou boicotam uma marca em virtude da causa, um aumento de 13 pontos em relação ao ano passado. Setenta por cento com 18 a 34 anos; 75% com 35 a 54 e 60% com 55 ou mais, consideram o posicionamento da marca ao consumir um produto ou serviço. Quanto ao perfil associado à renda, 66% dos brasileiros entrevistados com renda baixa, 72% com renda média e 71% com renda alta compartilham o mesmo comportamento.
  • Um levantamento realizado em 2017 pelo Instituto Ipsos, com 18 mil pessoas de mais de 18 anos em nove regiões metropolitanas do país, identificou que o país possui mais de 30 milhões de idosos (pessoas acima de 60 anos) e esse público vem se adaptando bem à internet e se transformando em um alvo potencial como consumidores on-line. O estudo aponta que em cada dez idosos, três trabalham, seis têm conta bancária e oito estão conectados à internet. Eles movimentaram em média R$ 587 em compras digitais no ano passado, 28% acima da média.
  • Segundo a Federação dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas e Demais Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo, FEHOESP, o número de estabelecimentos particulares de saúde no Brasil, como clínicas de terapia e hospitais teve um aumento de 5,1% entre dezembro de 2016 e dezembro de 2017. Nesse período, 44.505 novos empregos foram criados para estabelecimentos privados de saúde. O serviço de Home Care (cuidado em domicílio) destaca-se com um crescimento de 34,9%. Neste modelo de serviço, os profissionais de saúde vão até a casa do paciente para atendê-lo. Já os Pronto-Socorros registraram uma diminuição de 2,6%, em todo o país.

Novos Desafios

  • Alejandro Gomez é o novo diretor executivo da Câmara Espanhola de Comércio no Brasil.
  • Gloria Amorim ingressa na Geocontexto como Diretora de Inteligência de Mercado.

Dados Impressionantes

  • O Brasil possui 5,9 milhões de equinos, é o terceiro maior rebanho do mundo, atrás apenas da China e do México. A indústria do cavalo movimenta anualmente R$ 16,5 bilhões e geram 610 mil empregos, sendo responsável por três milhões de postos de trabalho. Os dados são do Estudo do Complexo do Agronegócio Cavalo, realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade de São Paulo (Esalq/SP).
  • De acordo com os dados divulgados pela Associação Brasileira de Geração de Energia Eólica (Abeeólica) a capacidade instalada em geração de energia eólica no Brasil ultrapassou 14 gigawatts (GW), equivalente ao consumo médio de cerca de 26 milhões de residências. São 14,339 GW de capacidade instalada, por meio de 568 empreendimentos localizados em 12 Estados da região nordeste. O Rio Grande do Norte com 3,95 GW, Bahia, com 3,5 GW e Ceará com 2 GW lideram a lista. A energia eólica instalada segundo a Abeeólica equivale à capacidade instalada da hidrelétrica binacional de Itaipu, com 14 GW de potência.

Agenda

14 a 23 de Dezembro – Goiânia – GO
FENAIUC MODA BRASIL
Local: Centro de Convenções de Goiânia

 

Entrevista

Esta coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.

Segue abaixo a entrevista de Sandra Regina da Luz Inácio.

PME NEWS – Quais são os principais desafios da gestão de uma empresa familiar?

Sandra Regina da Luz Inácio – O maior desafio, não somente para as empresas familiares, mas para todas as empresas em geral é a nova mentalidade exponencial que atinge implacavelmente a forma de gestão dessas empresas, as familiares, que, em sua maioria é acostumada aos padrões tradicionais, trazendo para esta gestão: a descentralização, gestão horizontal, inovação, não linearidade e transparência, aumentando as suas chances de crescimento, mesmo em um contexto socioeconômico não favorável.

As empresas familiares precisam conscientizar-se de que, com a evolução da tecnologia, o seu produto/solução/serviço deve ser colocado no ar, sem precisar contar com servidores físicos, tornando o processo mais simples, atingindo diretamente seu cliente e com um custo inferior.

Com os novos aplicativos: Big Data, cloud computing, robótica, etc. cria-se uma imensa vantagem competitiva em relação aos concorrentes, mercado e clientes, pois a gestão familiar geralmente faz projeções que nem sempre condizem com a realidade.

A mentalidade exponencial gera novas formas de pensar sobre marketing, vendas e estratégia e a maioria dos líderes está acostumada a tomar decisões em vez de capacitar decisões, o desafio é abraçar o desconhecido e “desaprender” as formas familiares de pensar.

PME NEWS – Quais os principais conflitos em um negócio familiar?

Sandra Regina da Luz Inácio – Os principais conflitos surgem quando:

  • Os pais acreditam que todos os filhos devem trabalhar na empresa e um ou mais dos filhos, não têm interesse nem aptidão para o negócio.
  • Um dos irmãos sente-se desprezado nas decisões da empresa em relação aos demais ou sente que trabalha mais que os outros e deveria ser mais valorizado.
  • Filhos que não trabalham na empresa desejam opinar nos negócios e outros membros da família discordam.
  • Os filhos constituem suas próprias famílias, agregando novos membros na relação empresa x família, os quais começam a opinar ou trabalhar na empresa.
  • As novas gerações desejam alterar a forma como a empresa é gerida e implantar inovações, mas os mais velhos acreditam que “em time que está ganhando não se mexe”.
  • Parentes (tios, primos, sobrinhos) são escolhidos para trabalhar na empresa devido ao grau de parentesco, e não pela competência em contribuir com o negócio.
  • Há divergência na escolha do sucessor do fundador da empresa.

Sem falar que é inerente aos membros trazerem seus problemas familiares para dentro da empresa, costumo dizer que a gestão emocional tem mais força que a gestão organizacional no caso das empresas familiares.

PME NEWS – Quais foram as principais mudanças adotadas pelas empresas familiares nos últimos anos?

Sandra Regina da Luz Inácio – O e-social, embora ainda não seja obrigatória, mas já está trazendo mudanças, pois as empresas de um modo geral precisam adequar-se.

Outras mudanças ocorreram em função da Reforma Trabalhista, que entrou em vigor em novembro de 2017.

Dentro do cenário inconstante e quase imprevisível brasileiro, as empresas familiares foram obrigadas a adotarem vários tipos de mudanças para poderem sobreviver ao mercado. Desde aumentarem o número de produtos ou serviços oferecidos, entre outras estratégias. A implementação de novos sistemas, controles diversos, implantação de novas rotinas, novos projetos, etc.

PME NEWS – A nova geração está pronta para herdar a gestão das empresas familiares? Como lidar com as diferenças entre as gerações?

Sandra Regina da Luz Inácio – Qualquer geração estará pronta para herdar a gestão de uma empresa familiar, basta ser preparada adequadamente para isso, ser profissionalizada que é o mais importante.

Para lidar hoje com as diferenças e conflitos entre gerações, algumas empresas estão adotando os seguintes recursos:

– Contratando um coach para auxiliar os profissionais para que possam repensar suas atitudes e limitações utilizando perguntas que levem a essa reflexão. Mesmo porque um mix de profissionais de diversas gerações numa mesma equipe com a supervisão de um coach pode dar excelentes resultados e serve para criar um ambiente propício para a criatividade.

– A realização de workshops com dinâmicas em grupo para estimular o espírito de equipe e o autoconhecimento funciona muito bem para acabar com eventuais resistências. Claro que para conseguir melhores resultados, antes de tudo é necessário que a gestão de pessoas mapeie quais os comportamentos que devem ser melhorados na organização para depois atuar.

– Ambientes abertos, onde todos possam estar em um mesmo patamar e sem as velhas paredes também facilitam a integração, estimulam a comunicação interpessoal, desencorajam fofocas e incentivam a troca de experiências.

PME NEWS – Como combater a informalidade nos negócios envolvendo a família?

Sandra Regina da Luz Inácio – A melhor maneira é profissionalizando a empresa, criando seu conselho de administração, conselho de família (caso necessite), comitês, criar um código de ética, fazer a sucessão de forma adequada. Dessa forma, combate-se a informalidade nos negócios e principalmente a empresa perpetuará por muitos e muitos anos.

PME NEWS – Qual o conselho que você dá para quem está começando um negócio familiar?

Sandra Regina da Luz Inácio – Fazer o Acordo Familiar, que é um conjunto de regras e normas que determina como será a relação entre a família, os sócios e a empresa.

Cada família deve definir os itens que constarão em seu Acordo Familiar.

Por exemplo:

  • Estabelecer quem vai trabalhar ou não na empresa.
  • Definir a responsabilidade de cada um, incluindo na resolução dos problemas.
  • Esclarecer o nível de autonomia dos membros.
  • Saber como será a utilização dos bens da empresa.
  • Definir remuneração em caso de doença ou pensão em caso de falecimento.
  • Estabelecer um processo de sucessão.
  • Outros fatos que os membros julgarem necessários constar em seu acordo familiar.

É importante que:

  • A família discuta cada problema que possa surgir ao longo da existência da empresa e defina em conjunto como resolvê-los.
  • Documente por escrito essas decisões prévias para consultá-las sempre que preciso.
  • Que todos os membros da família assinem o acordo familiar.

É importante lembrar que os familiares que não trabalham na empresa não recebem salário (pró-labore), mas legalmente têm direitos sobre a empresa. Por isso pode ser importante incluí-los nas grandes decisões do negócio, tanto nas definições do Acordo Familiar quanto do Conselho de Família.

Pense Nisso

“Qualquer geração estará pronta para herdar a gestão de uma empresa familiar, basta ser preparada adequadamente para isso, ser profissionalizada que é o mais importante”.

Sandra Regina da Luz Inácio

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