Edição do Mês

O PORTAL DA MICRO, PEQUENA E MÉDIA EMPRESA.

REALIZAÇÃO: Bit Partner | DIREÇÃO: Sidney Cohen

Estratégias financeiras para fortalecer as PMEs

O fortalecimento financeiro das pequenas e médias empresas passa por escolhas estratégicas no uso do crédito e na organização do fluxo de caixa. Linhas acessíveis existem, mas é preciso planejamento para que o recurso seja um aliado do crescimento e não um peso no futuro. Ter clareza sobre números e metas faz toda a diferença.

O Diretor e fundador da Rebirth Consulting, Marcio Ferretti, explora, em entrevista concedida nesta edição, diferentes caminhos para captar recursos e estruturar o negócio de forma sustentável. São alternativas que podem ampliar as oportunidades e dar fôlego para que as PMEs avancem com segurança. Confira!

Bastidores

  • Levantamento do Sebrae e do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte aponta que as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) se destacam como protagonistas da economia brasileira.
    No setor de serviços, que concentra 53,1% das MPEs, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro lideram em novas aberturas, com destaque para entregas, transporte de cargas, publicidade e serviços de saúde. O comércio representa 29% das MPEs, com cerca de 6,7 milhões de estabelecimentos ativos no país e crescimento contínuo do e-commerce, responsável por 30% das vendas online das pequenas empresas.
    A indústria de transformação, que reúne 8,5% das empresas, registrou crescimento de 16,9% em bens de capital. Já a construção civil, com 8% de participação, segue aquecida, impulsionada por investimentos em infraestrutura e habitação.
  • Mais de 80% dos empreendedores de MPMEs (Micro, Pequenas e Médias Empresas) mantêm vínculo com a mesma instituição financeira que usam no dia a dia como pessoa física. É o que aponta a pesquisa “MPMEs em Foco: navegando pelas necessidades financeiras na era digital”, realizada pela Oliver Wyman entre abril e maio de 2025.
    O estudo revela também que 97% das empresas permanecem na mesma instituição para movimentações diárias, 90% para operações de crédito e 83% para investimentos. Apesar dessa fidelidade, os desafios financeiros persistem: 38% das MPMEs buscam capital de giro, apenas 40% das empresas com menos de um ano conseguem crédito e 78% investem em alternativas conservadoras, como poupança (63%) e CDBs (49%).

Novos Desafios

  • Cesar Gonçalves é o novo diretor de Tesouraria do Banco Sofisa.
  • Havanna anuncia Bruna Fausto como nova Head de Marketing (CMO) da operação brasileira.
  • Leandro Mihara é o novo diretor de transportes da Allianz Seguros.

Dados Impressionantes

  • No primeiro semestre de 2025, o Brasil alcançou a marca de 2,6 milhões de novos pequenos negócios, número 23% superior ao do mesmo período do ano anterior, segundo levantamento do Sebrae. Os MEIs se destacaram, representando 77,3% das aberturas, enquanto micro e pequenas empresas também avançaram. Esse movimento mostra como a digitalização e a diversificação dos serviços vêm estimulando o empreendedorismo, ampliando o acesso a oportunidades e contribuindo para a geração de renda, empregos e o fortalecimento da economia em diferentes regiões do país.
  • As pequenas e médias empresas voltaram a mostrar sua força no Dia dos Pais de 2025. De acordo com levantamento da Olist, foram registrados mais de 9,9 milhões de pedidos, somando R$ 2,1 bilhões em vendas, uma alta de 8,8% em relação a 2024.
    O celular foi o principal canal de compras, e os marketplaces responderam por 83,5% das transações. Segundo o estudo, os resultados refletem a adaptação das PMEs ao consumidor mais cauteloso, com apostas em personalização, múltiplos canais de vendas e atendimento ágil.

Agenda

11 Setembro – Campos dos Goytacazes – RJ
Treinamento para Líderes de Pequenos Negócios
Acelera AI – Do Zero à Prática
Inscreva-se aqui.

18 a 20 de Setembro – Rio de Janeiro – RJ
Expo Franchising ABF Rio
Local: Riocentro

Entrevista

Esta coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.

Segue a entrevista com o Diretor da Rebirth Consulting, Marcio Ferretti.

PME NEWS – Quais são hoje as linhas de crédito mais acessíveis para quem tem uma pequena empresa no Brasil?

Marcio Ferretti – Hoje, as linhas de crédito mais acessíveis para pequenas empresas no Brasil são as oferecidas por bancos públicos, fintechs e cooperativas. O Pronampe, do Governo Federal, é uma das opções mais populares, com juros menores e prazos mais longos. Além disso, instituições como o BNDES oferecem financiamentos específicos para inovação, sustentabilidade ou aquisição de equipamentos. Fintechs também vêm ganhando espaço por disponibilizarem crédito de forma rápida e digital, com menos burocracia.

O segredo é entender o perfil da empresa antes de buscar crédito. Um erro comum é contratar empréstimos sem ter clareza do fluxo de caixa. Um bom planejamento ajuda a escolher a linha adequada e a usar o dinheiro de forma estratégica. Crédito é ferramenta, não solução mágica.

PME NEWS – Você pode explicar, de forma simples, o que é tokenização e como isso pode ajudar pequenas empresas a conseguir recursos?

Marcio Ferretti – Tokenização é o processo de transformar um ativo — como um imóvel, uma máquina ou até a receita futura de uma empresa — em pequenos pedaços digitais chamados tokens.

É como fatiar um bolo e vender as fatias para investidores. Isso é feito por meio da tecnologia blockchain, que garante segurança e transparência. Para pequenas empresas, pode ser uma forma moderna de captar recursos: em vez de pedir um empréstimo no banco, a empresa pode “tokenizar” parte do faturamento e oferecer aos investidores, que compram os tokens esperando retorno.

É uma inovação promissora para negócios com boa reputação e governança estruturada. Embora ainda seja um mercado em expansão no Brasil, já existem plataformas como Liqi e Vórtx que trabalham com tokenização. O acesso se torna viável com informação e apoio técnico adequado. 

PME NEWS – O que muda para os pequenos negócios com a chegada das moedas digitais, como o Drex? Elas podem facilitar o acesso a crédito?

Marcio Ferretti – O Drex, moeda digital oficial do Banco Central, deve transformar a forma como o dinheiro circula e pode, sim, ajudar pequenas empresas a acessarem crédito de maneira mais rápida e segura.

Diferentemente do Pix, que é apenas uma transferência, o Drex permitirá contratos inteligentes (smart contracts), em que todo o processo pode ser automatizado — do pedido de crédito até o pagamento das parcelas.

Isso tende a reduzir a burocracia e o custo do crédito, pois aumenta a confiança nas transações. O Drex pode ser uma oportunidade para incluir mais empreendedores no sistema financeiro. Pequenos negócios que hoje enfrentam barreiras por falta de garantias poderão ter alternativas mais justas e seguras, desde que estejam organizados financeiramente. A chave é estar preparado: com estrutura, dados em dia e processos organizados.

PME NEWS – Muitos pequenos empreendedores estão usando carteiras digitais e evitando os bancos tradicionais. Essa “desbancarização” é boa para os negócios?

Marcio Ferretti – Usar carteiras digitais tem sido uma solução prática para muitos pequenos empreendedores que buscam agilidade e menores taxas.

Isso é positivo, desde que a empresa mantenha controle financeiro. A chamada “desbancarização” pode parecer libertadora, mas traz riscos: sem relacionamento com instituições formais, fica mais difícil acessar crédito, emitir notas fiscais, ter segurança nas operações bancárias e até comprovar receita.

O ideal não é abandonar os bancos, mas adotar uma estratégia híbrida: usar carteiras digitais para o dia a dia e manter uma conta formal para estruturar o negócio e acessar serviços financeiros mais robustos. O importante é manter registros e organização — algo essencial para crescer com sustentabilidade. “Desbancarizar” sem planejamento pode parecer barato hoje, mas sair caro amanhã.

PME NEWS – Além do banco, que outras formas existem para captar recursos hoje? E quais são as mais seguras para quem está começando?

Marcio Ferretti – Além dos bancos, uma pequena empresa pode captar recursos com investidores-anjo, fundos de investimento, cooperativas de crédito, plataformas de crowdfunding e até programas públicos de incentivo.

Investidores-anjo e venture capital são interessantes para quem tem um modelo de negócio escalável, enquanto o crowdfunding pode funcionar para causas ou produtos com apelo coletivo.

As cooperativas oferecem crédito com taxas menores e atendimento mais próximo. O ideal é buscar segurança antes de ousadia: evitar empréstimos caros ou vendas de participação sem compreender o impacto.

Mapear indicadores, organizar números e preparar uma boa apresentação já é meio caminho andado para atrair recursos com segurança. E nunca dispense contratos claros e assessoria adequada — é um investimento que evita grandes dores de cabeça.

PME NEWS – O que falta no Brasil para facilitar o acesso das pequenas empresas a essas novas formas de financiamento?

Marcio Ferretti – O principal desafio no Brasil é a falta de educação financeira e de estrutura mínima nas pequenas empresas.

Muitas vezes, o empreendedor mistura contas pessoais com as do negócio, não controla o fluxo de caixa e não sabe apresentar seus números. Isso afasta investidores e dificulta o acesso a crédito alternativo.

É preciso investir em qualificação, orientação e simplificação das regras. Plataformas de crédito e investimento poderiam ser mais acessíveis e intuitivas. Ao mesmo tempo, o Estado pode apoiar com garantias, incentivos e regulação clara.

O fato é que o primeiro passo pode estar dentro da própria empresa: criar governança, organizar processos e apresentar seu valor de forma transparente. Quando isso acontece, novas portas se abrem, inclusive com tecnologias como blockchain, Drex e tokenização. O problema não é apenas o acesso — é a preparação para recebê-lo.

Pense Nisso

“Muitas vezes, o empreendedor mistura contas pessoais com as do negócio, não controla o fluxo de caixa e não sabe apresentar seus números. Isso afasta investidores e dificulta o acesso a crédito alternativo”. 

Marcio Ferretti

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