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REALIZAÇÃO: Bit Partner | DIREÇÃO: Sidney Cohen

Indústria 4.0 para as PMEs brasileiras. Utopia ou realidade?

Bem-vindo à era da Quarta Revolução Industrial, também conhecida como Indústria 4.0. Pequenos e médios negócios já apostam neste Mundo 4.0 e a indústria brasileira não poderia ficar de fora. Certo?

Bem, se você está cético quanto a isso, não se preocupe, pois muitos ainda estão. E nesta edição entrevistamos o especialista em transformação digital, Fernando Perasso, para nos orientar sobre este tema. Confira!

Bastidores

  • Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) apontam que o setor de franquias está retomando o crescimento. Em 2021 o setor teve um faturamento de R$ 185.068 bilhões, 10,7% maior do que em 2020, que foi de R$ 167.187 bilhões. A recuperação pode ser percebida também quanto ao número de unidades, pois, em 2020, houve uma redução de 2,6% e 2021, um aumento de 9,1%. Algumas tendências que já estavam sendo praticadas no modelo de franquias foram reforçadas com o modelo de trabalho remoto. Com o home office e o home based, neste caso, o franqueado leva os produtos ou serviços até os clientes.
    De 2020 para 2021 houve um crescimento de 8% no número de marcas nacionais. Agora, são 2.882 franquias em todo o território nacional.
    Os setores que mais se destacaram em 2021 foram: Foodservice, crescimento de 5,2%; Casa e Construção, 19,3%; Hotelaria e Turismo, 19%; Beleza e Bem-Estar, 10,5%; Entretenimento e lazer, 21,2%; Moda, 15,2%. Limpeza e Conservação, 14,7%; Serviços, 11,1%.
    Das marcas que mais cresceram, O Boticário manteve a liderança de 2020 com 3.652 filiais, seguido do Cacau Show, com 2827 unidades e McDonald´s, com 2585.
  • Segundo o estudo da Nuvemshop, plataforma digital que atende lojas online na América Latina, as vendas remotas de lojas brasileiras no primeiro trimestre deste ano cresceram 23% comparados ao primeiro trimestre do ano passado. Com um faturamento de R$ 573,2 milhões. Os pedidos online cresceram 14%, chegando a mais de 2,4 milhões. O ticket médio foi de R$ 236,92, aumento de 9%. Quanto aos segmentos que mais faturaram, o de moda lidera com R$ 213,8 milhões, seguido de Acessórios (R$ 87,3 milhões); Saúde & Beleza (R$ 36,4 milhões); Casa & Jardim (R$ 21,3 milhões) e Arte (R$ 16,6 milhões)

Novos Desafios

  • Rafael Lima é o novo diretor de Canais e Parcerias da Cobli.
  • Rafael Ramalho assume a vice-presidência de auto da HDI Seguros

Dados Impressionantes

  • O Relatório anual divulgado pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal) em parceria com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas), aponta que do total de 33,4 bilhões de latas de alumínio comercializadas no ano passado, 33 bilhões de unidades foram recicladas. De acordo com o estudo, o Brasil manteve-se na liderança mundial da reciclagem de latas de alumínio para bebidas, com o índice de 98,7% (recorde), seguido do Japão e Estados Unidos, respectivamente com 94% e 59,7%. O Brasil é referência mundial no setor, com o índice superior a 96% há mais de dez anos. O levantamento aponta também que o país possui 36 centros de coleta de sucata distribuídos por 18 Estados. E mais de 800 mil pessoas estão envolvidas na cadeia de reciclagem, que vai da coleta das latinhas até seu processamento.
  • Segundo estudo do Ministério da Economia, o país alcançou a marca histórica de 36 empresas do exterior pedirem para se instalar aqui. Entre 2019 e 2021, foram autorizadas 92 solicitações de filiais estrangeiras. De acordo com o levantamento, o fim da burocracia foi o principal atrativo. O processo que levava 45 dias para se conseguir a autorização, hoje leva três. A digitalização do serviço e os profissionais brasileiros que atuam com o registro de empresas facilitaram a vida das empresas interessadas em investir aqui no Brasil. O processo de autorização pode ser feito através da plataforma GOV.BR.

Agenda

  • 3 a 7 de Maio – São Paulo – SP
    FEIMEC – Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos
    Local: São Paulo Expo
  • 10 a 12 de Maio – Novo Hamburgo – RS
    SULSERVE – Feira de Padaria, Gastronomia e Hotelaria
    Informações: https://www.sulserve.com.br/
  • 28 a 30 de Maio – Rio de Janeiro – RJ
    Estética In Rio – Feira de Beleza, Saúde e Bem Estar
    Informações: https://www.esteticainrio.com.br/

Entrevista

Esta coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.

Segue a entrevista de Fernando Perasso.

PME NEWS – O conceito da indústria 4.0 surgiu na Alemanha em 2011. Qual é sua análise neste período para as indústrias brasileiras?

Fernando S. Perasso – Nesse período a indústria Brasileira estava consolidando a Terceira Revolução Industrial, que já trazia muitas inovações para os processos produtivos, e ao mesmo tempo buscando entender as tendências apresentadas na Feira de Hannover, na Alemanha. A aplicação desses ciclos de mudanças nos processos produtivos leva um tempo de maturação das tecnologias, retorno dos investimentos, capacitação das equipes e os aprimoramentos das instituições de ensino. Neste mesmo período iniciaram-se estudos dos modelos de implementação dos conceitos das Indústria 4.0, baseado no índice de maturidade e flexibilidade de adoção dos conceitos e tecnologia.

PME NEWS – Quais tecnologias estão por trás da transformação industrial?

Fernando S. Perasso – Chamamos de tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0, dentre elas estão:

• Computação em nuvem com o conceito aaS (as a Service) – O software é oferecido em forma de serviço ou prestação de serviço executado em um servidor remoto. Não é necessário instalar o sistema no computador do cliente, basta acessá-lo pela internet.

• Integração de Sistemas (Vertical e Horizontal) – Reflete o modelo de conectividade dos equipamentos de uma indústria. O modelo de Integração Vertical respeita uma ordem hierárquica de informações, do chão-de-fábrica à camada do ERP.

• Big Data – Uma abordagem para atuar em dados com maior variedade e complexidade, que chegam em volumes crescentes e com velocidade cada vez maior, usados para resolver problemas de negócios, qualidade, e processos através de cruzamento de informações.

• Internet das coisas – Com interconexão entre objetos por meio de infraestrutura eletrônica, software, sensores e/ou atuadores, com capacidade de computação distribuída e organizados em redes, que passam a se comunicar e interagir entre si.

• Realidade Aumentada – Permite a interação de informações virtuais ao ambiente real por meio de câmeras, telas e GPS, podendo fazer simulações em 3D de processos para detectar falhas precocemente.

• Manufatura Aditiva ou impressão 3D – Consiste na criação de peças através de modelos eletrônico reproduzidos em diversos tipos de materiais plásticos e metais.

Existem muitas outras tecnologias habilitadoras para Indústria 4.0.

PME NEWS – Indústria 4.0 nas Pequenas Empresas é uma utopia ou já é uma realidade?

Fernando Perasso – Já é uma realidade, as tecnologias habilitadoras são bem acessíveis e de fácil implementação no processo produtivo. Computação em nuvem, impressão 3D e Realidade Aumentada já vemos em operação em muitos processos das empresas em larga escala. Com R$ 1.500,00 hoje você pode ter uma impressora 3d em casa para prototipagem e, dependendo do seu volume de dados, algumas plataformas aaS como Oracle, Amazon e Microsoft Azure oferecem serviços gratuitos que podem ser escalados quando necessários, acompanhando a evolução dos negócios.

PME NEWS – Que setores da indústria já utilizam o conceito 4.0?

Fernando Perasso – O Conceito de Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial é um movimento que engloba algumas tecnologias para automação e troca de dados, utilizando conceitos de Sistemas ciber-físicos, Internet das Coisas e Computação em Nuvem. O foco da Quarta Revolução Industrial é a melhoria da eficiência e produtividade dos processos baseado em coleta e cruzamento de informações de produção, vendas, qualidade e demais áreas. Todos os setores industriais podem e devem seguir essa realidade, caso contrário terão que contar com a sorte durante o processo de produção e desenvolvimento de novos produtos e serviços. Com velocidade do mercado, tecnologias acessíveis e a cada momento mais empresas oferecendo produtos através de startups, criação de novas PMES até mesmo as grandes indústrias, o mercado exigirá a adequação dos diversos setores para atender as demandas de mercado.

PME NEWS – Em quais etapas do processo este conceito impacta nas empresas?

Fernando Perasso – Se formos tomar como base a Pirâmide de processos industriais, teremos os 5 níveis:

• No Nível 1 (base da pirâmide) – Dispositivos de campo, instrumentos de medição e atuadores. Aqui inicia a jornada de transformação da indústria, onde os dados dos equipamentos são coletados de forma massiva através de dispositivos de IoT.

• No Nível 2 – Controle do processo – Já temos na Terceira Revolução Industrial os CLPs, controladores lógicos programáveis ligados às redes industriais, com o conceito de Industria 4.0 há um upgrade destes equipamentos microcontrolados para microprocessados, podendo fornecer e receber parâmetros de inteligência artificial para tomada de decisões e mudanças do processo de linha em tempo real.

• No Nível 3 – Supervisão e monitoramento – A coleta de dados já começa a ter um contexto para respostas rápidas da linha de produção, onde os supervisores de linha conseguem rapidamente visualizar tendências de falhas e melhorias do processo produtivo.

• No Nível 4 – Gerenciamento da planta industrial – Temos a visão do todo, com as interligações sistêmicas com data & Analitycs organizados em painéis de dados onde é possível ter uma visão e andamento de todas planta e processos produtivos.

• No Nível 5 – Administração de recursos e gestão financeira – Todos os processos tecnológicos empregados nas etapas anteriores começam a ser cruzados entre Tendências de mercado, custos operacionais, elaboração de modelos preditivos para força de venda.

Em resumo, esse conceito é empregado em todas as fases, sendo uma indústria de bens de consumo, farmacêutica ou fornecimento de serviços.

PME NEWS – Cite alguns exemplos desta transformação nas indústrias?

Fernando Perasso – Um exemplo que sempre gosto de citar é o da GE Motores em parceria com a AirBus. Este case utiliza praticamente todas as tecnologias habilitadoras, e mudou o conceito no mercado de venda de turbinas para aviões para horas de voos. As turbinas das aeronaves da Airbus deixaram de ser um ativo e passaram a ser um serviço contratado, no qual a GE provê o motor como um serviço e monitora em tempo real o consumo, desgastes, manutenções, e oferece todo o suporte baseado em dados coletados. Com base nesse monitoramento a GE montou estruturas de manutenção em que é possível imprimir peças de reposição específicas, sem a necessidade de manter um estoque, criando peças sob demanda.

PME NEWS – Cite exemplos desta transformação também nas pequenas indústrias brasileiras?

Fernando Perasso – Tem um exemplo muito bom, de 2018 e que mostra como esse processo da Quarta Revolução Industrial não é de hoje, é o caso da fábrica de doces Docile, em Vitória de Santo Antão (PE). Que adotou o uso de robôs inteligentes nos processos produtivos, foi uma aposta que se concretizou no aumento de produtividade. Eles começaram com processos simples e baratos, fazendo testes através de provas de conceito, evoluíram para alguns MVPs – Produto Mínimo Viável, onde introduziram em seus processos o que fazia sentido e descartaram o que não trazia retorno. A empresa não parou o investimento em inovação, lançou loja on-line para ter canal direto com consumidores. Tudo isso com apoio do sistema S (SENAI) que apoia as PMES com capacitação e consultoria.

Outros bons exemplos vêm da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) que selecionou nove empresas inovadoras e startups, por meio de edital em convênio com o Ministério da Economia, para capacitar 450 micro e pequenos negócios e treinar seus colaboradores na área da transformação digital. Quatro dessas empresas já estão aptas para prover essa capacitação:

Transforma Mais – que tem como foco a capacitação em transformação digital para micro e pequenas empresas, de maneira personalizada com sistema de gamificação com pontuações, chatbots e fórum de discussões.

Rota MPE – que tem como objetivo de garantir que os trabalhadores atuem de forma mais versátil no universo digital, dominando as boas práticas apresentadas no Guia de Boas Práticas de Gestão e de Boas Práticas Digitais da ABDI.

A startup MentorApp – que desenvolveu o stAir, um sistema que define um plano de estudos baseado em práticas para a Transformação Digital.

Maturity Game 4.0 – Um projeto criado na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) pelo professor Sandro Breval, em que os participantes realizam a capacitação onde aprendem as boas práticas digitais, de gestão e de produtividade, passam por um teste de conhecimento e, em seguida, entram no jogo. Ali, utilizam o diagnóstico, as operações, estratégia, modelo de negócios, logística e pessoas para avançar.

PME NEWS – Quais os principais desafios das PMEs se enquadrarem na Indústria 4.0?

Fernando Perasso – Ainda vejo como um desafio da Indústria 4.0 para as PMEs a capacitação profissional e a maturidade digital, pois as grandes indústrias, além de investirem nas estruturas e nos processos, também capacitam suas equipes. Para PMEs estes profissionais precisam chegar prontos do mercado (capacitados) para contribuir com a operação. Acompanhando a Associação das Indústrias, o sistema S e o próprio Governo Federal, já existem frentes trabalhando para diminuir este gap dos profissionais. Quanto à maturidade digital, ainda estamos falando de processo de integração entre sistemas, muitas plataformas, desenvolvidas in house ou compradas, não se comunicam e dificultam o cruzamento dos dados, sendo esta a grande proposta da Quarta Revolução industrial.

Pense Nisso

“O foco da Quarta Revolução Industrial é a melhoria da eficiência e produtividade dos processos baseados em coleta e cruzamento de informações de produção, vendas, qualidade e demais áreas. Todos os setores industriais podem e devem seguir essa realidade”.

Fernando Perasso

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