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REALIZAÇÃO: Bit Partner | DIREÇÃO: Sidney Cohen

Luxo nas PMEs sim, por que não?

Se você considera que oferecer produtos e serviços de luxo é uma atividade restrita a empresas de grande porte, é melhor rever este conceito.

Rosana de Moraes, CEO da RM Lux Consultoria e Conhecimento, professora universitária especializada neste tema e autora do livro “O Marketing e a Arte do Luxo na Era da Experiência”, apresenta importantes pontos de convergência entre o universo do alto padrão e as pequenas e médias empresas e aponta caminhos para o sucesso neste segmento. Confira!

Bastidores

  • Muitos eventos foram cancelados ou adiados em virtude da pandemia e de acordo com o levantamento realizado pela Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), 585 mil festas estão previstas para acontecer neste ano, 30% a mais do que 2019. Segundo a associação, o setor de eventos movimenta em média R$ 300 bilhões, com 6 milhões de profissionais e 310 mil empresas. E para este ano, só o mercado de casamentos deve movimentar R$ 40 bilhões.
  • Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) registraram cerca de 80 mil drones (aeronaves não tripuladas) cadastrados em 2021, mas somente 1,87% foram destinados para a agricultura. Capaz de cobrir 12 hectares em uma hora de operação, produção semelhante à de um pulverizador tratorizado de arrasto com tanque de 600 litros, este equipamento, além de proporcionar uma grande economia de água para a cobertura da área, também melhora a eficácia da pulverização de até 30% mais que a dos tratorizados de arrasto. O uso de drones na agricultura é expressivo no mercado global. Na China, por exemplo, cerca de 100 mil drones são usados estrategicamente para o setor agro.

Novos Desafios

  • Junior Aguiar é o novo Gestor de Parcerias e Alianças da Tempest, empresa especializada em Cibersegurança.
  • Lenovo SSG anuncia Carlos Toledo como novo Diretor de Vendas para o Brasil.
  • Thiago Siqueira é o novo Diretor de Vendas da NICE para a região Cone Sul.

Dados Impressionantes

  • Estudo realizado pela Associação Nacional das Empresas e Profissionais de Piscinas (ANAPP) aponta que o Brasil possui 3,8 milhões de piscinas instaladas. O país é o segundo no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. O setor movimenta em torno de R$ 12 bilhões por ano e emprega aproximadamente 126 mil trabalhadores. De acordo com o levantamento, o mercado gerou um crescimento médio de 18,7% entre os anos de 2020 e 2021 e conta com 250 fabricantes e 2.500 lojas especializadas no Brasil, sendo a região Sudeste a que mais vende.
  • O estudo Atlas dos Pequenos Negócios, divulgado pelo SEBRAE em comemoração ao seu cinquentenário, aponta que os pequenos negócios geram renda de R$ 420 bilhões por ano. O levantamento indica que os microempreendedores individuais (MEIs) possuem uma renda média anual próximo a R$ 140 bilhões e a sua maioria (78%) tem na sua atividade como empreendedor a sua única fonte de renda. O mesmo ocorre para a maioria (71%) dos empreendedores das micro e pequenas empresas (MPE), que geram uma renda aproximada de R$ 280 bilhões por ano.
    Outro estudo divulgado pelo SEBRAE, realizado pela Global Entrepreneurship Monitor 2021 (GEM), sinaliza que entre 2002 e 2014, a taxa de empreendedores que iniciaram o negócio por necessidade registrou uma queda de 55,4% para 29,1%. E entre os anos de 2015 e 2016 e no período da pandemia, voltou a subir, respectivamente com taxas de 50,4% em 2020 e 48,9% em 2021.

Agenda

  • 1 e 3 de Setembro – Rio de Janeiro – RJ
    Feira do Empreendedor 2022
    Local: Expo Mag
  • 21 e 23 de Setembro – Olinda – PE
    ABAV EXPO
    Local: Centro de Convenções de Pernambuco

Entrevista

Esta coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.

Segue a entrevista de Rosana de Moraes.

PME NEWS – O luxo ainda está associado somente às grandes empresas?

Rosana de Moraes – Não necessariamente. Quando falamos em luxo, normalmente as primeiras marcas lembradas são sim aquelas muito grandes e bastante longevas. Mas não é necessário que seja assim. Algumas marcas de nicho, até bem pequenas e destinadas a atender a grupos restritos de consumidores, podem ser consideradas de luxo. O luxo não se relaciona ao porte das empresas e sim à estratégia adotada, voltada à qualidade, ao desejo e ao encantamento.

PME NEWS – Quais as principais características das marcas de luxo e como elas podem se adequar a PMEs?

Rosana de Moraes – De um modo bem geral, podemos mencionar como características dessas marcas: a oferta de produtos inovadores e extremamente atraentes; a produção voltada à alta qualidade; a exclusividade na produção dos bens; a distribuição cuidadosamente controlada; a produção de base artesanal; uma identidade de marca fortemente diferenciada; posicionamento de preço premium; comunicação emocional. Se pensarmos bem, uma PME pode perfeitamente adequar-se a todos esses requisitos, de forma proporcional a seu porte. É por isso que afirmo que não são as dimensões da empresa que contam para que ela possa ser considerada de alto padrão ou premium, e sim sua estratégia e suas convicções.

PME NEWS – Cite algumas atividades de PMEs que se espelham em grifes de luxo.

Rosana de Moraes – Há diversas marcas brasileiras dedicadas à moda e à joalheria que buscam esse posicionamento. Além delas, também a área de hotelaria boutique tem bons exemplos, oferecendo serviços excelentes em negócios de pequeno e médio porte, independentes das grandes redes, e diversas outras ligadas à decoração e mobiliário de alto padrão. Como esse mercado é muito voltado à exclusividade, o pequeno porte pode ser até uma vantagem para certas empresas.

PME NEWS – Alguns setores que têm em seu portfólio produtos de luxo, não só ganharam fôlego, como cresceram em plena pandemia. Cite alguns deles.

Rosana de Moraes – Uma tendência que vem se firmando é ligada à economia circular, à maior preocupação com o meio ambiente, além de oferecer melhores preços: o mercado de segunda mão de produtos de luxo. Ela se acentuou durante a pandemia, alcançando 33 bilhões de euros em 2021. Mas a tendência é de que continue a crescer, chegando a 64 bilhões de euros até 2024. Este movimento apresenta também uma outra alteração interessante em relação ao comportamento anterior do consumidor: até algum tempo atrás, comprar produtos usados era uma atividade cercada de certo constrangimento, as pessoas não mencionavam que haviam comprado as peças de terceiros ou de um brechó. Agora, há até algum orgulho nessa prática, que demonstra certa preocupação com a sustentabilidade. Assim, os consumidores compram, comentam, postam suas compras nas redes sociais e já temos até pop-ups de artigos usados de luxo em shopping movimentados, o que demonstra disposição do consumidor de ver e ser visto nessas lojas.

PME NEWS – Além da venda de itens de segunda mão, que outras tendências para o mercado de luxo você destacaria?

Rosana de Moraes – Considero importantíssima outra tendência, também alinhada à maior preocupação da sociedade com o impacto que as marcas exercem sobre o ambiente: o aluguel de itens de luxo. Ele começou com iniciativas independentes, mas, percebendo a importância desse movimento, grandes marcas estão também apostando nele. A Ralph Lauren tem o The Lauren Look, que aluga peças femininas por assinatura. A cliente fica com um mix de peças por determinado tempo, depois as devolve e pega um novo lote de produtos. O mesmo acontece com Jean Paul Gaultier, que aluga roupas vintage (coleções 1980 e 1990) e com as lojas de departamentos Macys e Bloomingdale’s, desde 2019. Além disso, o Grupo Iguatemi de shopping centers adquiriu 23% do brechó de luxo Etiqueta Única, o que reforça a importância da tendência também no Brasil.

PME NEWS – É possível conciliar o luxo em uma cultura corporativa sustentável?

Rosana de Moraes – Certamente. Aliás, todo o mercado de luxo tem se movimentado nesse sentido. Não se trata mais de um desejo e sim uma exigência do consumidor e da sociedade como um todo e as marcas têm adaptado suas práticas para atender a essa demanda. E isso acontece não apenas na área de moda, mas também na hotelaria, na joalheria, na indústria de automóveis. O consumo é reflexo da sociedade. E as marcas precisam estar atentas a seus movimentos.

PME NEWS – Em relação ao turismo de luxo, você vê possibilidades importantes para as PMEs?

Rosana de Moraes – Com certeza! Uma das maiores tendências do turismo de luxo é o Turismo de Isolamento – o desejo de desfrutar de experiências longe da presença humana, ou apenas em casal ou com poucos amigos ou família. Nessa tendência, a procura por chalés, casas isoladas, casas-barco etc. cresceu 700% entre 2020 e 2021. E essas acomodações, embora isoladas, incluem serviços e comodidades, claro. Algumas redes hoteleiras têm investido nisso também, como a Four Seasons. Essa tendência é perfeitamente adequada a pequenas e médias empresas e é a cara do Brasil, que tem natureza e cultura tão diversificadas e ricas. Novamente, o luxo não está no tamanho do negócio e sim em sua filosofia.

PME NEWS – Que dica você dá aos pequenos empresários que estão abrindo um negócio neste segmento e neste período ainda de incertezas?

Rosana de Moraes – Recomendo foco e persistência. Negócios de luxo são projetos de médio a longo prazo, resultado de atuações coerentes. O ambiente é incerto e a concorrência é acirrada. Então, frente às naturais dificuldades no mercado, muitas marcas que se pretendem de luxo optam por afrouxar seus padrões e, consequentemente, seus preços para garantir giro e fluxo de caixa. No entanto, essas estratégias diluem a essência do luxo, o que tem alto curso para a marca. Uma vez que ela deixe de ser percebida como de alto padrão, é difícil e caro recuperar tal imagem e, muitas vezes, essa recuperação torna-se mesmo impossível. Se você vai empreender numa marca de luxo, prepare seu fôlego para poder persistir e resistir.

 

Pense Nisso

“O luxo não se relaciona ao porte das empresas e sim à estratégia adotada, voltada à qualidade, ao desejo e ao encantamento.”.

Rosana de Moraes

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