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REALIZAÇÃO: Bit Partner | DIREÇÃO: Sidney Cohen

O Poder da Comunicação para as Marcas

Se você ainda é cético quanto à importância da comunicação para alavancar uma marca e quanto à sua influência sobre o comportamento do consumidor, então confira a entrevista deste mês com a Rosana de Moraes, CEO da RM Lux Consultoria e Conhecimento, professora universitária especializada neste tema e autora do livro “O Marketing e a Arte do Luxo na Era da Experiência”. Ela dá altas dicas também sobre como as PMEs podem criar uma estratégia de comunicação eficaz, mesmo com recursos limitados.

Bastidores

  • O relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2022, divulgado pelo Sebrae, indica que 67% da população brasileira adulta (entre 18 e 64 anos de idade) já está envolvida com algum negócio próprio. São, aproximadamente, 93 milhões de pessoas (42 milhões empreendedores e os outros 51 milhões potenciais empreendedores).
    Uma das principais motivações para se abrir uma empresa continua sendo a escassez de empregos, apontados por 82% dos entrevistados. Em 2021, eram 77%.
    A qualidade do empreendedorismo brasileiro apresentou uma pequena melhora ano passado. A taxa de empreendedorismo dos negócios estabelecidos, aqueles que possuem mais de 3,5 anos de existência, cresceu de 9,9% em 2021 para 10,4%, em 2022.
    Porém, o levantamento aponta também que dos 42 milhões que já empreendem, a metade não está organizada dentro do sistema de micro e pequeno empreendedor e não são microempreendedores individuais (MEI). Um dos maiores entraves à formalização e à própria sobrevivência dos negócios é a dificuldade em conseguir crédito.
  • Segundo o estudo global “Impulsionando o potencial da economia remota” divulgado pela DocuSign, especializada em assinatura eletrônica e gestão de documentos em nuvem, a economia remota deve adicionar US$ 2,6 trilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) em 2030, nos dez países pesquisados (EUA, Austrália, Japão, França, Alemanha, Irlanda, Reino Unido, Brasil, México e Canadá). À medida que a economia remota se expande, a produtividade crescerá em todos os dez países, aumentando a uma taxa média de 10% de 2021 a 2030. Os cinco principais países com os maiores aumentos serão Reino Unido (12%), Canadá (11%), Alemanha (11%), França (10%) e Estados Unidos (10%).
    O estudo prevê que a economia remota empregará em 2030 mais 25 milhões de mulheres e mais de 10 milhões de pessoas acima de 65 anos.
    A economia remota proporcionará às pessoas mudarem para as áreas rurais e prevê que essa migração gere cerca de 2,6 milhões de novos empregos em 2030, nessas áreas, nos dez países estudados.

Novos Desafios

  • Luana Gabriela é a nova CEO da Tribo, consultoria em desenvolvimento humano e organizacional.
  • Stefan Mihailov é o novo diretor-presidente do grupo CRV no Brasil.

Dados Impressionantes

  • Levantamento realizado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) aponta que o número de marcas de franquias brasileiras cresceu 14,3% no exterior. Subindo de 183 para 213 marcas em 2022. O número de países também cresceu, passando de 114 para 126.
    Os segmentos que mais se destacaram foram os de Moda e Saúde, Beleza e Bem-Estar que lideram com 40 marcas cada, seguidos de Alimentação com 32 e Educação 26, Serviços com 21 marcas e Casa e Construção, com 20.
    Segundo o estudo, a internacionalização é um caminho importante para ganhos de escala e para consolidar marcas em nível global e sinaliza os EUA como uma meta importante para as franquias brasileiras, devido a seu tamanho e por ser considerado uma porta de acesso ao mercado internacional. A expansão para países da América do Sul ou culturalmente como Portugal também despertam muito o interesse dos empreendedores brasileiros.
    Por outro lado, o número de marcas estrangeiras no Brasil, vindas de 35 países, também aumentou, de 206 para 236 entre 2021 e 2022, com um crescimento de 13%. Uma das razões pelo interesse das marcas estrangeiras apostarem aqui se deve ao tamanho do mercado consumidor.
  • De acordo com o Sebrae, o artesanato brasileiro movimenta mais de R$ 100 bilhões por ano, o que representa pelo menos 3% do PIB do país. Esse valor é gerado pelos mais de 8,5 milhões de artesãos presentes em todos os estados do Brasil, além de R$ 20 bilhões em compras de insumos da indústria.

Agenda

14 a 15 de junho – São Paulo – SP
Expotel – VI Feira Brasil para Hotelaria e Gastronomia
Local: Centro de Convenções Frei Caneca

25 a 30 de julho – São Paulo – SP
Campus Party Brasil:
Local: Anhembi

Entrevista

Esta coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.

Segue a entrevista da professora e CEO da RM Lux Consultoria e Conhecimento, Rosana de Moraes.

PME NEWS – O que a comunicação significa para uma marca?

Rosana de Moraes – A comunicação é a ponte que liga uma marca a seus públicos. Digo públicos, no plural, pois cada marca tem, de fato, muitos grupos com os quais se relaciona e com os quais deve manter canais abertos para o diálogo. São os chamados stakeholders (que podemos chamar de grupos de interesse), que são todos aqueles que são impactados de alguma forma (positiva ou negativamente) pela atuação de uma empresa – funcionários e suas famílias, fornecedores, clientes, órgãos governamentais, comunidades de seu entorno, ONGs… Foi-se o tempo em que se acreditava que a comunicação de uma marca precisava ser direcionada apenas a seus clientes.

O gerenciamento dessa comunicação é estratégico para a atuação de uma marca, especialmente em tempos digitais, quando todos temos poder de voz e as manifestações de cada um podem ter repercussões impensáveis. O tempo da comunicação unilateral, apenas partindo da empresa para quem lhe interessasse também está superado. Os consumidores, assim como os demais grupos de interesse, também se comunicam em retorno a um estímulo ou espontaneamente. A comunicação hoje é multilateral. E isso é muito bom!

PME NEWS – Como a comunicação pode ser usada para influenciar o comportamento do consumidor?

Rosana de Moraes – A forma de comunicação tradicionalmente considerada mais persuasiva é a publicidade, que busca construir percepções favoráveis a respeito da marca e seus produtos ou serviços ou até os preços que pratica e, consequentemente, resultar em vendas.

Mas não é só para as vendas que a comunicação pode e deve ser utilizada. Temos hoje consumidores cada vez mais críticos e informados, que conhecem seu valor para as empresas e sabem do poder que sua escolha representa. Então, a comunicação pode também criar atitudes favoráveis sobre uma marca na medida em que ela demonstra seu engajamento em causas de interesse público, em propósitos como a responsabilidade socioambiental, a inclusão de forma ampla, a equidade de gêneros, o respeito aos animais e muitos outros, com os quais o consumidor contemporâneo e o público em geral se identificam, logo valorizam.

Porém, parece óbvio, mas é importante lembrar que, mesmo tendo em mente a criação de atitudes favoráveis, cabe à marca comunicar apenas o que é verdadeiro, mesmo que crie uma narrativa atraente para contar suas histórias. O mercado tem bons exemplos de empresas que enganaram seus consumidores para criar uma aura de encantamento e acabaram desmoralizadas. Mentir para seus públicos é uma forma eficaz de quebrar a confiança. Além, claro, de ser uma prática totalmente antiética, para dizer o mínimo.

PME NEWS – Qual é o papel da comunicação numa estratégia de marketing eficaz?

Rosana de Moraes – A comunicação é central para a estratégia de marketing de uma empresa e deve refleti-la. Os canais de comunicação – tanto digitais como físicos – são cada vez mais diversificados e sua seleção e a adequação de conteúdo e forma a cada um deles requer competência, atualização, criatividade e talento.

Porém, gosto sempre de lembrar a meus alunos e clientes: não é só a comunicação formal que comunica sobre uma marca. A apresentação e decoração de seus pontos de venda ou de serviços comunicam; o comportamento e apresentação de sua equipe de vendas, serviços e relacionamento com os clientes comunicam; o marketing olfativo do seu ponto de venda comunica; o marketing auditivo de seus pontos de venda comunica; a forma como a empresa lida com assuntos de relevância social comunica; os eventos que ela promove comunicam; seu silêncio sobre um assunto importante comunica. Enfim, tudo que uma empresa faz fala sobre ela. E o que ela deixa de fazer, também…

PME NEWS – Como criar uma estratégia de comunicação eficaz para pequenas empresas, com recursos limitados?

Rosana de Moraes – O digital tem sido o caminho mais efetivo para comunicação de pequenas empresas (e das grandes também), devido a diversos fatores, dos quais cito alguns. Primeiro, pela relevância que os canais digitais assumiram ao longo do tempo. Segundo, pela flexibilidade dos formatos de mídia que podem ser utilizados (com seus mais variados custos). Terceiro, pela possibilidade de direcionar mensagens de forma mais certeira para determinados grupos. Quarto, pela possibilidade de mensuração mais efetiva de resultados.

É claro que uma empresa com maior orçamento para a comunicação veiculará conteúdos mais complexos e bem acabados e poderá custear maior número de participações. Ela também poderá ter presença importante nos veículos mais tradicionais de comunicação, como reforço. Mas, proporcionalmente, a pequena empresa pode fazer o mesmo em menor proporção no ambiente digital.

Porém, é necessário que mesmo a pequena empresa busque refletir, na sua comunicação, a sua personalidade, sua identidade. O mercado está repleto de mensagens idênticas publicadas por inúmeras empresas dos mais diversos segmentos. Isso é um problema porque a presença digital que representa mais do mesmo não é percebida nem diferenciada pelo consumidor. É necessário estabelecer uma identidade visual e de conteúdo que traga alguma novidade, que se diferencie do mar de informações que recebemos a cada minuto e que seja minimamente consistente ao longo do tempo.

PME NEWS – Qual é o papel da comunicação na construção de um ambiente de trabalho saudável e colaborativo?

Rosana de Moraes – No ambiente corporativo, a comunicação também é crucial. Como disse no início de nossa conversa, a comunicação não deve ser direcionada apenas ao cliente de uma empresa, mas a todos os seus públicos.

E o público interno tem enorme importância nesse contexto. A comunicação interna precisa contribuir para a construção de um ambiente saudável. Há empresas que acreditam que a comunicação que é feita para fora, destinada a públicos externos, é percebida e digerida da mesma forma pelos funcionários, logo não é necessário preocupar-se com mensagens para eles. Mas isso não acontece. A comunicação deve ser sempre adequada ao público com quem se está falando.

A comunicação interna pode eliminar ruídos e inseguranças trazidos pelas “rádios-corredor”, reforçar o orgulho de pertencimento a uma marca, aumentar os índices de motivação da equipe. E também, claro, há o efeito “espelho”: a forma como os colaboradores são tratados nos bastidores refletem-se na forma como eles se comunicam, como tratam os clientes. E a comunicação interna competente exerce papel muito relevante no clima organizacional.

É claro que nem a comunicação interna mais competente elimina sozinha problemas efetivos eventualmente enfrentados pelos funcionários numa empresa. Questões relevantes que impactem o clima organizacional precisam ser verdadeiramente resolvidas. Da mesma forma que mencionei quando falei dos demais públicos, deve-se comunicar aos funcionários verdades, ainda que expressas em narrativas atraentes, do contrário, as reações podem ser muito negativas. A comunicação por si só não faz nenhum milagre num ambiente hostil.

PME NEWS – Apesar da forte influência da tecnologia, como fazer uso da comunicação para atender mais às pessoas e menos ao algoritmo?

Rosana de Moraes – Isso é um grande desafio. Até porque no momento em que nos atualizamos em relação ao algoritmo de um canal digital, ele já está sendo alterado. Portanto, é inglório viver à mercê dos algoritmos.

Então, o melhor caminho é buscar sua própria linguagem, estilo e identidade e persistir neles, ainda que os ajustes sejam necessários para cada canal de comunicação.

A comunicação é o reflexo de uma marca, deve expressar sua visão de mundo e história, ao mesmo tempo em que apresenta seus produtos e serviços. Logo, a essência da marca precisa estar presente em suas manifestações. É essa essência que define a marca, independente das novas tecnologias que chegam ou daquelas que desaparecem.

Pense Nisso

“A comunicação é o reflexo de uma marca, deve expressar sua visão de mundo e história, ao mesmo tempo em que apresenta seus produtos e serviços. Logo, a essência da marca precisa estar presente em suas manifestações. É essa essência que define a marca, independente das novas tecnologias que chegam ou daquelas que desaparecem”.

Rosana de Moraes

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