Esta coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.
Segue abaixo a entrevista de Sidney Cohen, diretor da Bit Partner
PME NEWS – Qual a importância do orçamento no planejamento estratégico da empresa?
Sidney Cohen – O orçamento não pode ser muito exigente e nem flexível em excesso. É elaborado com antecedência, por cada setor da empresa, com o objetivo de provisionar as despesas e receitas previsíveis para um período futuro. E tem como grande desafio a precisão, reduzindo a ZERO a “distância” entre valores estimados e apurados no período estabelecido. Contribuindo, assim, para o sucesso da execução da estratégia. Costumo dizer que o orçamento é a “senha do cofre”.
Infelizmente, boa parte das pequenas empresas ainda não tem o hábito de se trabalhar com orçamento, dificultando bastante as aquisições de produtos e serviços de forma planejada.
Qual o período do ano ideal para se definir o orçamento da empresa para o ano seguinte?
Sidney Cohen – Nas médias e grandes empresas, geralmente o orçamento associado a investimentos para o ano seguinte é definido de agosto a dezembro do ano anterior. Já as pequenas empresas o definem no início do ano vigente, com base nas informações dos últimos dois anos.
PME NEWS – Qual a diferença entre “Budget” e “Forecast”?
Sidney Cohen – O “budget” é o orçamento empresarial anual, com base na previsão. O “forecast” é a revisão do “budget”, comparando-se a situação atual com o que foi previsto. Caso seja identificada uma diferença impactante, no decorrer dos meses, o planejamento deverá ser revisto com novas ações estratégicas. O “forecast” é analisado mensalmente, podendo ser trimestral em alguns casos.
PME NEWS – Por que ainda percebe-se uma diferença grande entre valores apurados e orçados nas empresas que adotam o orçamento empresarial?
Sidney Cohen – Alguns fatores comprometem o sucesso do planejamento baseado no orçamento em boa parte das empresas, mesmo as que adotam o planejamento estratégico e não estão imunes a “erros”. Como, por exemplo:
- Realizar um estudo de cenários de forma correta, com atenção especial às ameaças e oportunidades provenientes do ambiente externo (por exemplo, concorrência, mercado, medidas do Governo, dentre outros), que podem impactar em receitas e despesas futuras.
- Medo de sair da “zona de conforto”, algumas empresas acabam “replicando” o orçamento do ano anterior, em muitos casos, com metas fáceis de serem alcançadas, neste caso limitando o esforço, comprometendo os resultados da empresa.
- Erros de projeção, orçando receitas mais baixas e despesas mais altas e vice-versa do que as que deveriam ser estimadas de fato.
PME NEWS – Quais são os tipos de orçamentos aplicados nas empresas?
Sidney Cohen
Orçamento Estático
Bastante limitado, como sugere é estático, uma vez definido, não muda. Aplicado hoje nas pequenas empresas de gestão centralizadora.
Orçamento Flexível
O orçamento flexível é bastante aplicado para avaliar as despesas operacionais e de fabricação, podendo ser ajustado a qualquer nível de atividade, antes, durante e depois do período orçamentário.
Orçamento Contínuo
É aplicado para um período contínuo, geralmente por um ano, com revisões mensais, trimestrais e até semestrais.
Orçamento “Beyond Budgeting”
Aplicado mais em empresas de grande porte, de médio a longo prazo, com o orçamento projetado por 1 ano e meio a 2 anos.
Orçamento Base Zero (OBZ)
Em sintonia total com o plano de ação, aplica-se o conceito do “5W,2H”, com as seguintes perguntas: “O que gastar?”, “Onde gastar?”, “Quando gastar?”, “Por que gastar?”, “Quem (qual setor) vai gastar?”, “Como gastar?” e, principalmente, “Quanto gastar?”. Sua elaboração é mais longa, pois parte do “ponto zero”, mas tende a ser mais assertivo, por analisar passo a passo os processos da empresa.