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REALIZAÇÃO: Bit Partner | DIREÇÃO: Sidney Cohen

Os desafios da Internacionalização das empresas brasileiras

A internacionalização de uma empresa muitas vezes é vista como um processo de expansão para novos mercados, mas também pode ser uma alternativa para negócios que passam por momentos de instabilidade financeira, promovidos pelo cenário de crise. Independente das razões para internacionalizar a empresa, é preciso que ela tenha um processo de gestão apta para ingressar em novos mercados e preparada para enfrentar o novo desafio e minimizar os riscos.

Os motivos pelos quais uma empresa deseja ingressar no mercado externo, ter clareza dos objetivos e  escolher os mercados alvos são algumas das orientações que o Professor do Nupin (Núcleo de Pesquisa em Negócios Internacionais) da Puc-Rio, Henrique Pacheco, sinaliza na entrevista desta edição. E destaca os problemas, os benefícios e desafios encontrados pelas empresas brasileiras nesse processo.

Bastidores

  • Agronomia, Ciências Atuariais e Economia são as áreas que pagam os melhores salários para estagiários, segundo a pesquisa divulgada esse ano pelo Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios). Os estudantes de Agronomia recebem uma média salarial acima dos R$ 2.000. A valorização deve-se pelo fato da agricultura e o agronegócio representarem 23,5% do nosso PIB (Produto Interno Bruto), e a criação de empregos nesses setores foi a mais alta em cinco anos, conforme aponta estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O estudo da Nube destaca o ranking com os melhores salários de estágios: Agronomia: R$ 2.076,24; Ciências Atuariais: R$ 1.645,00; Economia: R$ 1.601,16; Ciência e Tecnologia: R$ 1.457,81; Química: R$ 1.371,46; Engenharia: R$ 1.355,93; Relações Internacionais: R$ 1.340,64; Marketing: R$ 1.258,63; Farmácia e Bioquímica: R$ 1.257,85 e Sistemas de Informação: R$ 1.229,39.
  • Uma pesquisa realizada pela Toluna, empresa líder em insights do consumidor para a economia sob demanda, com 484 pessoas, constatou que a maioria dos brasileiros comprou o presente do Dia dos Pais em lojas físicas. Segundo o estudo, 52% das pessoas foram a lojas de rua e shoppings contra 25% que compraram pela internet. Outro dado importante foi que 54% dos entrevistados gastaram entre R$ 1 e R$ 100. A maioria, 61%, adquiriu o presente com antecedência de um mês a uma semana da data e somente 16% compraram no dia anterior ou no mesmo dia.
  • O mercado de flores, mesmo em meio à crise, teve um aumento de 9% nas vendas. De acordo com estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), o movimento foi mais de R$ 7,2 bilhões no ano passado, acima dos R$ 6,6% bilhões de 2016.  Segundo o levantamento, o brasileiro gasta, em média, R$ 26,50 com flores, bem inferior ao europeu que gasta R$ 150,00. Um dos responsáveis pelo crescimento do setor é a venda por e-commerce, com destaque para as coroas de flores para velório, proporcionando uma alternativa rápida para ocasiões inesperadas.

Novos Desafios

  • Ary Serpa Jr. é o novo CEO da O Terminals na América do Sul.
  • Marcelo Schmitt assume a Gerência Geral da Granel Química.

Dados Impressionantes

  • Segundo levantamento realizado pela Consultoria Marketsandmarkets o mercado de biometria facial movimenta US$ 3,3 bilhões e pode chegar à marca de US$ 7,7 bilhões em 2022. Bancos, companhias aéreas, telefônicas, fabricantes de computadores já utilizam essa tecnologia. Já outro estudo realizado pela Counterpoint Research aponta que, em 2020, pelo menos um bilhão de smartphones contará com o reconhecimento facial para autenticar o usuário.
  • De acordo com o relatório da KPMG Pulse of Fintech, a aplicação global em tecnologia financeira avançou a um ritmo recorde no primeiro semestre de 2018, com US$ 57,9 bilhões investidos em 875 negócios, um aumento significativo em relação aos US$ 38,1 bilhões investidos em 2017. O volume total de negócios subiu de 834 no segundo semestre de 2017 para 875 negócios no primeiro semestre de 2018.
  • Um estudo divulgado recentemente pela Visa em parceria com a Euromonitor aponta que o mercado de serviços e tecnologias de autenticação movimenta US$ 161 bilhões em oportunidades. O levantamento aponta que consumidores globais realizaram em 2016 cerca de 52 trilhões de momentos de autenticação. Isso representa que cada adulto autentica sua identidade, em média, 30 a 40 vezes por dia. Ao todo, foram identificados 175 momentos de autenticação de segurança. A maioria desses momentos é das indústrias de: Finanças (46), Governo (23), Defesa (16), Segurança pessoal (15) e Medicina (12)

Agenda

  • 24 e 27 de Setembro – Rio de Janeiro – RJ
    Rio Oil & Gas 2018
    Local: Riocentro
  • 27 de Setembro a 2 de Outubro  – São Paulo -SP
    São Paulo Boat Show
    Local: São Paulo Expo

Entrevista

Esta coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.

Segue abaixo a entrevista do Prof. Henrique Pacheco.

PME NEWS – Como é o processo de internacionalização das empresas brasileiras, em especial das Pequenas Empresas?

Henrique Pacheco – As empresas brasileiras não têm mostrado um comportamento homogêneo em relação à internacionalização. Em sua maioria, elas raramente “escolhem” a exportação como uma opção estratégica. Com maior frequência, reagem a estímulos externos como, por exemplo: escapar do mercado doméstico saturado ou em crise, respostas a pedidos inesperados do exterior e incentivos governamentais.

A figura de um líder parece exercer papel importante na internacionalização das empresas brasileiras. Empresas que têm sucesso na internacionalização contam com um líder inspirado que acredita no futuro de sua empresa no mercado global.

Os primeiros passos na internacionalização são ainda muito tímidos e as atividades internacionais ainda são consideradas, por muitas empresas, um negócio “em segundo plano”.

No entanto, a boa notícia é que desde a década de 90 o processo de internacionalização acelerou, as empresas começaram a exportar mais cedo do que antes. A habilidade de descobrir e conduzir novos negócios em diversos países deixa de ser uma prerrogativa apenas das grandes corporações.

PME NEWS – Quais são países potenciais para empresas brasileiras abrirem um negócio?

Henrique Pacheco – Existem cerca de 200 países e mais 2,5 milhões de cidades no mundo, o que torna a seleção de mercados uma tarefa complexa. Assim, sugerimos que o empreendedor divida a seleção em duas etapas. Primeiro é feita uma seleção preliminar com o objetivo de filtrar os mercados mais interessantes e excluir aqueles que não atendem a requisitos mínimos. A segunda etapa consiste em uma análise mais detalhada sobre um conjunto menor de mercados previamente selecionados. Só então a empresa será capaz de fazer uma boa escolha.

No entanto, o que se observa é que as empresas brasileiras tendem a preferir países e mercados considerados culturalmente mais próximos do Brasil. De fato, as pesquisas realizadas pelo Núcleo de Pesquisas em Negócios Internacionais da PUC-Rio sugerem que os principais destinos das empresas brasileiras são as culturas latinas como: Argentina, Portugal, Chile, México e Itália.

Nesse ponto cabe um alerta importante. Temos observado que, ao se expandirem para países que supostamente seriam culturalmente próximos, algumas empresas têm enfrentado diversos problemas, o que tem resultado em desempenhos financeiros e de mercado inferiores aos esperados. Boa parte desse problema é ocasionada por um excesso de confiança e até certo descuido por parte da empresa na internacionalização para estes países. Na realidade não se verifica na prática as suposições de semelhança e a aparente proximidade pode se revelar uma armadilha.

PME NEWS – Quais são os pré-requisitos para o sucesso da internacionalização?

Henrique Pacheco – Podemos classificar os inúmeros benefícios da internacionalização em quatro grandes grupos: (1) busca de mercados; (2) busca de recursos; (3) busca de ativos estratégicos e (4) busca de eficiência. Dessa forma, uma empresa que pretende explorar mercados menos competitivos provavelmente selecionará mercados diferentes daqueles, caso seu objetivo fosse acesso a matérias-primas mais baratas ou desenvolvimento de imagem da marca ou a redução da sazonalidade.

Fazer uma boa escolha é meio caminho para o sucesso e pode significar um avanço mais rápido do processo de internacionalização da empresa. Também faz com que a exportação não se torne uma aventura, mas um processo embasado em análises e decisões que permitam comprometimento com a atividade, um pré-requisito para o sucesso.

PME NEWS – Quais são os principais problemas e desafios relacionados com a internacionalização?

Henrique Pacheco – Quando uma empresa, independente do país de origem, se internacionaliza, ela enfrentará diversos riscos, como: riscos políticos, riscos de mercado, riscos financeiros, riscos operacionais e riscos sociais e culturais. 

Observamos algumas limitações características das pequenas e médias empresas brasileiras. Existe uma carência grande de profissionais com competências gerenciais para as operações internacionais. De fato, as escolas de negócios no Brasil não têm a tradição de oferecer treinamento para a administração internacional. Felizmente isso está mudando. É possível perceber também que, nas PMEs brasileiras, o processo de internacionalização concentra-se ou no próprio fundador da empresa ou em “homens de confiança” e normalmente ambos têm pouquíssimo tempo disponível para se dedicar às atividades internacionais e, consequentemente, o processo tende a ser mais lento.

PME NEWS – Na área acadêmica como as universidades estão engajadas para a inclusão de estudantes no processo de internacionalização?

Henrique Pacheco – As universidades têm um papel muito importante na formação de profissionais e que vai além da grade de disciplinais. Ela deve ser capaz de estimular a experiência internacional de seus alunos. Exercitar a competência de se comunicar, entender e operar em culturas estrangeiras. Estimular o comportamento proativo e inovador e fomentar a construção de redes internacionais de relacionamento pessoais e profissionais.

Nesse sentido, a formação de estudantes para um mundo globalizado vai muito além de cursos voltados especificamente para o comércio exterior. Para tanto, a própria universidade deve ser internacionalizada por meio de parcerias que envolvem intercambio bilateral não só de alunos como de professores também. 

O instituto inglês Times Higher Education, referência mundial em rankings universitários, avalia as seguintes áreas de atuação das universidades: Ensino, Pesquisa, Parceria com a Indústria e Internacionalização. A PUC-Rio, que obteve a 7ª colocação geral no ranking das melhores instituições da América Latina e Caribe, destacou-se justamente por ser líder no Brasil nos indicadores de Internacionalização e Parceria com a Indústria e vice-líder na América Latina.

PME NEWS – Para os estudantes, quais são os principais desafios nesse processo?

Henrique Pacheco – Quem deseja ter sucesso internacionalmente deve ser capaz de adquirir novos conhecimentos e o êxito no mercado externo depende da combinação de três tipos de conhecimento: (1) conhecimento sobre internacionalização; (2) conhecimento sobre mercados; (3) conhecimento tecnológico ou da indústria.

Parte importante do conhecimento necessário é possível ser adquirido por meio da educação formal. Empreendedores internacionais de sucesso tendem a ter mais anos de estudo do que os outros.

Outra parte do conhecimento só é alcançada pela experiência vivida.

Entretanto, existe uma alternativa de buscar novos conhecimentos por meio sua rede internacional de relacionamentos. Por isso, o grande desafio para quem quer empreender internacionalmente é ser capaz de identificar, gerar comprometimento e trabalhar com parceiros capazes de disponibilizar os recursos necessários.

PME NEWS – Qual mensagem você daria ao pequeno empresário que deseja abrir um negócio no exterior?

Henrique Pacheco – A internacionalização de uma empresa ultrapassa a simples comercialização de produtos e serviços através das fronteiras nacionais. O grande desafio de uma empresa que quer se expandir internacionalmente é encontrar os parceiros chave que possam fornecer os recursos, as soluções e o conhecimento necessário para a sua atuação internacional. 

Uma empresa com cultura exportadora não é aquela que possui departamento de exportação ou que tem um funcionário dedicado ao mercado externo, mas sim a que entende que seu sucesso depende da integração e coordenação de todas as áreas dentro da empresa: finanças, marketing, produção, logística, administração, etc. Todos devem conversar entre si e compartilhar objetivos em comum. Dessa forma é possível criar as condições necessárias para uma implementação bem-sucedida e coordenada da estratégia internacional.

Pense Nisso

“A habilidade de descobrir e conduzir novos negócios em diversos países deixa de ser uma prerrogativa apenas das grandes corporações”.

Henrique Pacheco

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