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Os desafios de se praticar o empreendedorismo social

Empreender em um país como o Brasil não é fácil, principalmente quando envolve causas sociais.

Apesar de haver um ceticismo quanto a esse modelo de negócio ser rentável, o mesmo poderá ser quebrado em breve, com o surgimento de um novo perfil de protagonista a empreendedor social, o jovem!

Nesta edição o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Dario Menezes, reforça a expectativa ao jovem empreendedor e orienta o leitor sobre a relação envolvendo o negócio social, a sustentabilidade e as cidades inteligentes.

Bastidores

  • O mercado de serviços de telecomunicações no Brasil deverá movimentar US$ 45,76 bilhões em 2022, segundo o estudo da consultoria Frost & Sullivan. A receita com banda larga fixa terá crescimento médio anual de 8,1%, enquanto o mercado de serviços de TV paga, móvel e comunicação de dados terão o CAGR (Compound Annual Growth Rate, em português significa Taxa Composta Anual de Crescimento) de 4,3%, 4,1% e 1,9%, respectivamente. A telefonia fixa vai continuar encolhendo, ao ritmo de 5,9% ao ano.
  • Até 2025, o mercado de produtos orgânicos de higiene e limpeza deve movimentar US$ 25 bi no mundo, segundo a empresa de consultoria Grand View Research Inc. Os principais mercados estão na América do Norte (35%) e Europa (24%). Mas Brasil, China e Índia são vistos alvos potenciais.

Novos Desafios

  • Marcelo Artel é o novo diretor da Casa Libre.
  • Fernando Borges ingressa na Jamef Encomendas Urgentes como Diretor Gente & Gestão.

Dados Impressionantes

  • O faturamento do comércio eletrônico cresceu 7,5% em 2017, segundo o relatório divulgado recentemente pela Ebit, referência no fornecimento de informações sobre e-commerce nacional.  As vendas pela internet totalizaram R$ 47 bilhões em 2017 e a estimativa para 2018 é de R$ 53 bilhões, o que representaria um avanço de 12%. De acordo com o estudo, a expansão do faturamento foi puxado pelo aumento no número de pedidos em vez da elevação de preços, conforme ocorrido em 2016.
  • De acordo com o ministério do planejamento, a China investiu US$ 20,9 bilhões no Brasil em 2017, maior valor nos últimos 7 anos. No período de 2003 a 2017 a China se envolveu em 250 projetos no Brasil com valores totais de US$ 123,9 bilhões. Destes, 93 projetos foram confirmados, totalizando US$ 53,5 bilhões.
  • O relatório “Competências e Empregos: Uma Agenda para a Juventude”, divulgado pelo Banco Mundial em Março, aponta que 52% dos jovens brasileiros com idades entre 19 e 25 anos, cerca de 25 milhões de pessoas, têm o futuro ameaçado. Além dos chamados “nem-nem”, que nem trabalham e nem estudam, que já são 11 milhões de pessoas, somam-se na relação, os que estão estudando, mas com atraso em sua formação e os que trabalham, mas estão na informalidade. O levantamento conclui que esses dados colocam em risco o crescimento da economia, pois o país depende do trabalho deles para a produção.

Agenda

  • 13 a 22 de Abril – Brasília – DF
    12ª. FINNAR – Feira Internacional do Artesanato
    Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães
  • 14 a 17 de Abril – São Paulo – SP
    17ª. Feira Internacional de Beleza, Cabelos e Estética
    Local: Expo Center Norte

Entrevista

Esta coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.

Segue abaixo a entrevista de Dario Menezes, professor da Fundação Getúlio Vargas, consultor de empresas e responsável pelo Blog Performance Sustentável.

PME NEWS – Quais as principais diferenças entre o empreendedorismo empresarial e empreendedorismo social?

Dario Menezes – Bem, para responder a esta questão prefiro retomar o conceito de sustentabilidade que, apesar de ser bastante amplo, tem uma definição bastante simples: capacidade de ter condições de se sustentar ao longo do tempo. Simples como isso. O que mais vemos são empresas, locais, biomas, relações pessoais insustentáveis por não criar ou manter as condições básicas para a sua perenidade.

Há muito se fala em empreendedorismo, no Brasil passamos a ser mais intensivo no tema nos últimos vinte anos, com cursos e organizações voltados para o tema.De forma geral, esteve atrelada às atividades de mercado, que visam ao crescimento, à redução de custos ou lucro, nos moldes capitalistas mais convencionais. Muitos se aventuraram e se aventuram por esse caminho. Inovações tecnológicos, difusão do conhecimento, descentralização do poder e compartilhamento de esforços têm possibilitado o empreendedorismo crescer em todo o mundo. Porém como falamos antes, algumas destas ações de empreendedorismo são insustentáveis a longo prazo, por conta dos impactos que elas geram aos seus diversos stakeholders. Cada vez mais, a expressão “menos é mais” é uma verdade.

O empreendedorismo social é fortemente influenciado pelo empreendedorismo empresarial, mas apresenta características próprias, pois enquanto o primeiro impera a visão do “business as usual” e visa a satisfazer as necessidades dos clientes e ampliar as potencialidades de negócio. Sua medida de desempenho é o lucro e a visão é de curto prazo.

Já no empreendedorismo social o foco é o bem-estar coletivo, através da produção de bens e serviços para uma região ou comunidade, tendo como foco a busca de soluções para os problemas sociais. Entre elas, a possibilidade de dar melhores condições de vida às pessoas e/ou resgatá-las de um eminente risco social e promovê-las. Sua medida de desempenho é o impacto social e a sua visão é de longo prazo.

PME NEWS – Quais os principais avanços conquistados no Brasil com os negócios sociais nos últimos anos?

Dario Menezes – Em um país com tamanha desigualdade social, muito tem sido feito em prol do empreendedorismo social, fazendo com que regiões e comunidade tenham pelo menos um sopro de melhorias na sua condição de vida e do seu bem-estar. Os jovens têm papel fundamental nesse processo, pois a sua vontade de mudar o mundo ou pelo menos mudar o seu mundo tem criado ótimas oportunidades de empreendedorismo.

PME NEWS – Como um empreendedor pode ter elementos de sustentabilidade em seu negócio?

Dario Menezes – Essa é uma pergunta recorrente dos meus alunos nas aulas do MBA da FGV. Existe uma falsa impressão de que somente as grandes empresas com seus vultosos orçamentos podem criar condições, metodologias e processos em prol da sustentabilidade. A visão geral é de que “ser sustentável é caro”.

Essa é um paradigma que adoro desconstruí-lo em três pontos simples:

  • Ser sustentável é ser competitivo pelo simples fato de construir processos sem desperdício, de fazer mais com menos e de assumir uma postura de empresa responsável, o que traz retorno para a sua marca e para a percepção dos seus stakeholders sobre o seu negócio. E cada vez mais as pessoas querem tomar decisões de compra levando esses fatores em consideração.
  • Ser sustentável não significa nada se no final das contas o meu produto, por exemplo um sabão em pó, for 30% mais caro do que o meu concorrente. Veja por exemplo o caso da Unilever. Ela quer dobrar de tamanho no Brasil e tem o compromisso de reduzir o seu impacto ambiental à metade, ou seja, fazer mais com menos. E logicamente ser competitivo no preço na gôndola contra seus concorrentes. Dessa forma, ser sustentável trará preferência do consumidor para a empresa.
  • Ser sustentável significa que a minha cadeia de valor é responsável e sustentável. Este conceito vale para uma megaempresa ou para uma pequena empresa. Eu posso ser um pequeno empresário que acabei de abrir o meu restaurante e posso aplicar nele conceitos de sustentabilidade (exemplo: seleção de fornecedores, modo de preparo, tratamento de resíduos, consumo de água, tipo da embalagem, etc..) proporcionais ao meu tamanho e a minha capacidade de investimento.

PME NEWS – Como tornar um negócio social rentável?

Dario Menezes – Prefiro dizer negócio social “sustentável”. Minha singela recomendação é seguir os princípios de equilíbrio entre as dimensões econômica, ambiental e social. Fazer parcerias, dividir papéis e responsabilidades, engajar o maior número de stakeholders para o seu negócio são algumas formas de manter o negócio social “sustentável”.

PME NEWS – O que é uma Cidade Inteligente? E qual a previsão das cidades brasileiras se transformarem nesse modelo de cidade?

Dario Menezes – Permito-me ser bastante realista nesta pergunta. Cidade inteligente é a cidade planejada para dar ao seu cidadão uma boa condição de vida, através de projetos integrados de mobilidade urbana, hortas comunitárias, redução do uso do automóvel em detrimento do transporte público de qualidade, condições de manutenção da saudabilidade, da qualidade da água potável, da geração de energia limpa e outras iniciativas.

Estamos muito longe desta realidade, pois, para alcançarmos a plenitude do conceito, isso precisaria tornar-se uma política pública federal, mas infelizmente não vemos nos nossos políticos interesse na condução deste debate nacional. Então o que vemos (e vivenciamos) são cidades em alguns casos “insustentáveis”, pois não atendem aos conceitos acima. São cidades do século passado pagando o preço pelo despreparo dos seus governantes de não terem feito um planejamento urbano, de não terem uma política adequada de saúde, de ainda privilegiarem com reduções de impostos os carros a gasolina em detrimento do carro híbrido, de não terem investido em um transporte público de qualidade e principalmente por terem ano após ano reduzido os investimentos em educação.

Quero crer que a solução está nas mãos dos jovens, pela sua capacidade de mobilização e de construção de uma realidade melhor.

PME NEWS – A geração Z representa 2 bilhões de pessoas e preza pelo consumo consciente. Que ações vêm sendo praticadas pelo empreendedor social global para atender esse público-alvo?

Dario Menezes – Alguns estudos demonstram que os jovens nascidos entre 1995 a 2010 são mais ligados aos conceitos da sustentabilidade do que as gerações anteriores. Isso é um bom sinal para a sociedade e funciona como alerta para as empresas, de que mais do que produzir o negócio precisa ter um “propósito” que gere engajamento e encantamento nos jovens. Empresas como Patagônia e Reserva tem conseguido entender esses jovens e criar conceitos de atitudes relacionadas aos seus valores.

PME NEWS – Qual o grande desafio de se praticar o empreendedorismo social no Brasil?

Dario Menezes – Começaria listando a legislação que complica o recebimento de doações de pessoas físicas ou jurídicas. Depois listo o fato de algumas ONGs terem sido pegas em processos ligados a Lava-Jato, maculando a reputação de um segmento que na sua maioria é formado por profissionais de extremada capacitação e dedicação.

Pense Nisso

“Em um país com tamanha desigualdade social, muito tem sido feito em prol do empreendedorismo social. Os jovens têm papel fundamental nesse processo, pois a sua vontade de mudar o mundo ou pelo menos mudar o seu mundo tem criado ótimas oportunidades de empreendedorismo”.

Dario Menezes

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