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Upcycling. Um negócio consciente

O mundo da moda tem forte impacto no cenário mundial, por movimentar anualmente US$2,4 trilhões, mas, por outro lado, segundo dados da ONU Meio Ambiente, é o setor responsável por 10% da emissão de gases estufa, superando o dos transportes aéreos e marítimos juntos.

Estudos sinalizam que o mercado está mais consciente, a exemplo do levantamento realizado pela Unilever que aponta que 33% dos consumidores preferem marcas que impactam positivamente na sociedade e no meio ambiente.

Voltando ao mundo da moda, uma parte importante se dedica à questão sustentável, com a reutilização criativa de produtos e retalhos, transformando os produtos com um alto valor ambiental. Trata-se do Upcycling que ganha adeptos também em outros setores, como destaca a Ceo da RM Lux Consultoria e professora da FGV, em entrevista exclusiva ao PME NEWS. Além de uma análise sobre o mercado, Rosana dá dicas importantes ao empreendedor que está iniciando nesse mercado. Confira!

E você pratica o consumo consciente?

Bastidores

  • O Mercosul aumenta de US$ 500 para US$ 1.000 o limite para compras feitas em bagagem nos países vizinhos. Segundo o acordo assinado em 5 de Dezembro de 2019, na reunião de cúpula dos chefes de Estado do bloco, realizada em Bento Gonçalves (RS), esse será “o limite de isenção de importações como bagagem acompanhada em viagens via aérea e marítima”. 
  • Investimentos fraudulentos já prejudicaram 11% dos brasileiros é o que aponta a pesquisa divulgada em dezembro e realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Logistas (CNDL), Serviço Brasileiro de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com mais de 900 pessoas. Outro dado preocupante é que 62% deles não conseguiram recuperar o valor perdido. Entre os golpes citados, destaques para: esquema de pirâmide (55%), seguradora (19%) e ações ou fundos antigos de aposentadoria esquecidos (16%). Segundo o estudo, as pessoas já caíram no golpe pelas seguintes razões: Promessa de rendimento alto (44%), garantia de que não seria necessário entender de investimento (36%) e garantia de baixo risco (32%)
  • Um levantamento apresentado pela Workana, plataforma que conecta freelancers a empresas da America Latina, sinalizou que 58% das empresas que contratam freelancers são multinacionais. E revela os principais motivos para a contratação de profissionais com esse perfil: Para 42,5% das empresas, necessitam de um apoio externo para focar nas prioridades do negócio, 21,7% precisam realizar projetos pontuais e 16,3% acreditam que o freelancer pode somar ideias e experiências próprias que ajudem na realização ou aprimoramento de um projeto.

Novos Desafios

  • Rafael Martins é o novo CEO do Grupo Máxima.
  • Rildo Pereira assume a diretoria de vendas da Novo Mundo.
  • Antônio Gesteira é o novo diretor executivo da ICTS Protiviti.

Dados Impressionantes

  • Estudo realizado pela Bolsa de Valores de São Paulo (B3) aponta que 342.896 mulheres investem em ações na bolsa de valores, dado 22 vezes maior que o de 2002 que era de 15.030 investidoras. A maioria delas compõe a faixa de 26 a 35 anos (95.657), seguida de 36 a 45 anos (83.713). A pesquisa também mostra o interesse das jovens de até 15 anos, que somam 2.559  investidoras.
  • Segundo a projeção do Rabobank (Banco holandês especializado no setor do agronegócio), a safra de café no Brasil será recorde em 2020, os produtores deverão colher 66,7 milhões de sacas de 60 kg, superando 2018, que foi de 62,6 milhões. Em 2019 a produção foi de 57,6 milhões de sacas. A queda de produção em outros países devido ao menor investimento e novas áreas de produção no Brasil foram fatores relevantes para a previsão otimista.
  • O faturamento global  do setor de fragrância em 2019 foi de 7,2 bilhões de euros e no Brasil foram registrados 222 milhões de euros, o equivalente a R$ 1 bilhão, segundo o levantamento realizado pela empresa de consultoria PwC. O estudo aponta o alto consumo de produtos cosméticos e de perfumaria como os responsáveis pelo ótimo desempenho do setor e que surpreendentemente o consumidor está disposto a pagar até 88% mais caro, por um item, devido ao cheiro. O setor emprega mais 1,3 mil profissionais e o Brasil é soberano na America Latina, por movimentar quase a metade dos negócios.

Agenda

18 de Janeiro – Campinas – SP
Certificação Internacional – Sistema Eneagrama 360°
Informações: https://bit.ly/2LblAA9

Entrevista

Esta coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.

Segue a entrevista de Rosana de Moraes.

PME NEWS – A reciclagem é um bom negócio?

Rosana de Moraes – A reciclagem tem se revelado um bom negócio para diversos segmentos e vem se tornando uma exigência em tempos de maior conscientização a respeito do impacto que as empresas e todos nós exercemos sobre o ambiente.

PME NEWS – Em que áreas o upcycling se destaca além da moda?

Rosana de Moraes – Além da moda, merece destaque o design de objetos de decoração e mobiliário, além de embalagens.

PME NEWS – Quais são os benefícios e as dificuldades encontradas pelo setor?

Rosana de Moraes – Podemos dizer que o upcycling vai além da reciclagem em alguns aspectos. Embora a reciclagem reduza a quantidade de resíduos descartados na natureza e o consumo de novas matérias-primas, sua prática ainda envolve consumo de energia e de água e alguma poluição, embora em menor medida que a produção de itens totalmente novos. No upcycling, diferentemente, convertem-se produtos e materiais indesejados em novos e em itens de maior qualidade e valor que seus antecessores. Nesse caso, não há destruição ou intervenções químicas do produto anterior, ele é resignificado, ganhando um prolongamento de seu ciclo de vida, o que reduz ainda mais drasticamente o impacto ambiental.

As dificuldades encontradas estão relacionadas especialmente à captação seletiva dos materiais a serem resignificados. Mas acredito que, à medida que a conscientização e o apoio das instituições governamentais e das empresas forem aumentando, esse problema será minimizado.

PME NEWS – Como o upcycling desafia a inovação da Moda?

Rosana de Moraes – Na verdade, ele abre novas oportunidades para a moda, pois os consumidores de forma geral e especialmente os millennials têm manifestado sua preferência por marcas mais responsáveis de forma abrangente. E tornam-se também crescentemente ávidos por inovações. O upcycling pode atender a esses dois anseios e as marcas que estão acordando mais cedo para essa realidade levam vantagem sobre aquelas que demoram mais a atuar nesse sentido.

PME NEWS – Cite alguns exemplos de marcas brasileiras e estrangeiras que aderiram ao upcycling.

Rosana de Moraes – São exemplos as linhas de vestuário e acessórios que utilizam sacos de cimento e outros tecidos já utilizados, as bijuterias nascidas de cápsulas de café vazias, os móveis feitos com peças de bicicleta ou tambores de metal e uma infinidade de criações que empregam “lixos” cuja decomposição na natureza levaria, no mínimo, décadas.

E o da francesa Hermès, que desenvolve, há anos, a linha Petit H, utilizando retalhos de pele e couro resultantes da produção de suas famosas bolsas. Pelas mãos de artistas plásticos, nascem obras de tiragem unitária, como esculturas, luminárias, carteiras, chaveiros. Também vale lembrar o casaco elaborado com tapete usado, que a estilista Sarah Burton apresentou como parte da coleção Primavera 2018 da grife Alexander McQueen.

Pessoalmente, aprecio muito o trabalho de uma empresa canadense que cria objetos de decoração a partir de shapes (as pranchas) de madeira de skates descartados. O fruto desse processo são objetos belíssimos e únicos de decoração e mobiliário, o que lhes confere status de obras de arte. Chama-se Adrian Martinus. 

PME NEWS – Como quebrar o ceticismo do mercado, acostumado a usar produtos não reciclados?

Rosana de Moraes – A resistência que ainda há entre alguns consumidores aos itens originados de reciclagem ou de upcycling é maior por parte dos consumidores mais maduros e, mesmo assim, tem diminuído em face da maior conscientização do impacto que causamos através do consumo. Entre os mais jovens, que representarão o grupo de consumidores em breve, tanto a reciclagem como o upcycling, assim como a compra de objetos usados, o aluguel e o compartilhamento de bens são aceitos com naturalidade e até aplaudidos, como parte da busca pelo maior alinhamento do consumo com a responsabilidade.

PME NEWS – Que dicas você dá ao empreendedor que está iniciando nesse mercado?

Rosana de Moraes – Em primeiro lugar, buscar opções de fato inovadoras. Como a ideia é utilizar produtos já existentes para criar itens ainda mais especiais, quanto mais originais forem as novas criações, melhor. Para isso, a observação com olhos bem abertos e livres de preconceitos é determinante. E sempre haverá possibilidades ainda não exploradas de reaproveitamento de materiais e produtos cujo destino seria o descarte na natureza.

Outro ponto importante é explorar justamente o caráter exclusivo dos produtos que são fruto de upcycling. Como os materiais reaproveitados tendem a ser diferentes entre si, essas diferenças podem e devem ser maximizadas na criação de itens únicos, que o consumidor perceba como tal e se orgulhe disso. É aí que reside um dos grandes charmes do upcycling.

Pense Nisso

“A reciclagem tem se revelado um bom negócio para diversos segmentos e vem se tornando uma exigência em tempos de maior conscientização a respeito do impacto que as empresas e todos nós exercemos sobre o ambiente”.

Rosana de Moraes

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