Esta coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.
Segue abaixo a entrevista de Rosana de Moraes.
PME NEWS – Quais principais razões que transformaram o Wellness em um grande modelo de negócio?
Rosana de Moraes – Há uma tendência mundial de valorização e busca por experiências, sensações de bem viver e saúde em todas as classes socioeconômicas. O desejo por produtos físicos permanece, mas é crescente a busca pelo “viver”, pelo “vivenciar”, pelo “experimentar”. Um consumo mais ligado às sensações, às emoções. Se observarmos bem, é notável o crescimento do interesse por experiências como viagens, gastronomia, spas, convívio com a natureza.
PME NEWS – Quais setores são beneficiados pelo movimento do Wellness?
Rosana de Moraes – Essa tendência abre grandes oportunidades para os diversos segmentos voltados à oferta de sensações, como turismo, hotelaria, gastronomia, spas, salões de beleza. Além deles, esse desejo de usufruir de bons momentos põe em destaque também negócios que disponibilizam artigos para decoração e conforto doméstico. O prazer de desfrutar de uma moradia acolhedora também faz parte desse contexto. A busca pelo bem viver e do prazer está em alta!
PME NEWS – O Wellness empresarial conta com apoio de campanhas voltadas ao bem-estar e saúde de seus colaboradores. Ela é característica de empresas corporativas, mas também são aplicadas às pequenas empresas. Você pode citar algumas dessas campanhas?
Rosana de Moraes – No intuito de levar mais bem-estar para os ambientes corporativos, uma das formas é oferecer aos funcionários atividades que reduzam o stress e reduzam lesões de esforço repetitivo, além de estimular a criatividade e a interação entre os funcionários. Em suma: aumento do bem-estar no trabalho. Entre essas possibilidades está o estímulo a atividades que envolvem lazer e relaxamento. São exemplos os espaços onde o funcionário pode jogar videogame, ping pong ou sinuca, fazer uma leitura extra trabalho ou uma mini massagem, ou ainda participar de uma sessão rápida de alongamento com um profissional especializado. Algumas empresas disponibilizam até uma pequena verba para que o funcionário personalize sua própria estação de trabalho.
Essas facilidades tendem a estimular a criatividade e a produtividade, reduzir as tensões do ambiente corporativo e são importantes também para a retenção de talentos, especialmente entre os colaboradores mais jovens, das chamadas gerações Y (de indivíduos nascidos entre início de 1980 e meados de 1990) e Z (nascidos aproximadamente entre 1992 e 2010. Esses jovens valorizam menos aspectos como a estabilidade, por exemplo, mas esperam mais liberdade, dinamismo e bem-estar no ambiente organizacional. Vale a pena investir na criação de ambientes mais atraentes para aumentar as chances de manter os que mais importam nas equipes.
PME NEWS – Saúde e bem-estar abrangem um mercado amplo. Qual a atenção que o consumidor deve ter para adquirir produtos e serviços desse segmento?
Rosana de Moraes – O consumidor tem grande poder na escolha das empresas que mais lhe atraem e que melhor lhe entendem. Vivemos num ambiente em que a informação está na palma de nossas mãos. Assim, em alguns cliques no celular, podemos descobrir onde estão os melhores preços, os melhores serviços, os melhores produtos e, assim, adquirir os itens que melhor nos atendem. Também está nas mãos do consumidor pesquisar opiniões de seus pares sobre as diversas ofertas. O consumidor hoje tem voz e ela tem cada vez mais valor, em detrimento das informações prestadas pelas próprias empresas.
Assim, o melhor caminho para a escolha é pesquisar sobre o serviço ou produto de seu interesse, inclusive nas visões de terceiros. Produtos ou serviços bem indicados ou que, ao menos, não tenham opiniões negativas reportadas, já são um bom caminho de escolha.
Outro ponto importante é buscar, no caso de serviços, profissionais comprovadamente habilitados para a função que exercem. Se a intenção é o bem-estar, é importante entregá-lo a um profissional ou empresa de confiança.
PME NEWS – Que dicas você daria para quem está ingressando nesse mercado de negócios?
Rosana de Moraes – Se a ideia é oferecer bem-estar, a personalização é sempre bem vinda. O consumidor tem buscado crescentemente ser reconhecido como indivíduo, ver suas particularidades respeitadas pelas empresas e expressar sua própria personalidade, diferenciando-se em alguma medida dos demais. Assim, uma dica para empresas que se propõem a oferecer serviços e produtos ligados ao wellness devem buscar disponibilizar possibilidades de customização de suas ofertas, adequando-as às preferências individuais de seus clientes. Essa personalização pode parecer difícil ou onerosa demais para pequenas empresas, mas é mais simples do que se pensa. Pode-se traduzir no aroma de um óleo de massagem, no estilo musical preferido do cliente, na customização de um roteiro ou um jantar. Há uma infinidade de possibilidades, adequadas, naturalmente, ao poder aquisitivo do público a que a empresa se propõe a atender e às possibilidades da própria empresa. Mas esse esforço de fazer o cliente se perceber diferenciado é determinante.
Outro ponto importante é que há uma preferência crescente do cliente por empresas que possuam uma filosofia de atuação com a qual ele se identifique. Mais do que “o que consumir” em termos de produtos e serviços, o consumidor tem se questionado do “por que” consumir produtos e serviços de determinada marca. É o que chamamos de engajamento do cliente com empresas que possuam propósitos em comum com ele. Nesse contexto, a preocupação com a sustentabilidade ambiental, por exemplo, tem grande ligação com a preocupação com o bem-estar, na medida em que o futuro do planeta impacta também na saúde de todos. Então, quem está ingressando no mercado wellness já pode começar num desenho de produto ou serviço que inclua bem-estar + personalização + propósito.