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 Um UHUMMM Pode Dizer Muita Coisa

Oscar Lewandowski
Economista e Professor Universitário

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Dois amigos estavam no intervalo do trabalho e foram fazer uma refeição rápida. Um deles sugeriu uma sanduicheria que o outro não conhecia. Enquanto o amigo mordia o sanduiche, o que sugeriu o lugar, perguntou: O gosto deste sanduiche está valendo a pena, comeria outro amanhã? Entre uma abocanhada e outra, o colega respondeu com um UHUMMM, acenando com a cabeça para frente deixando claro que a resposta era sim. Se tivesse feito TCH TCH TCH com a língua e um aceno lateral com a cabeça estaria respondendo que não.

Para dar a resposta positiva para o sanduíche, o colega de trabalho pode ter considerado como fundamental, diferentes aspectos: o paladar, o preço, o tempo ou a praticidade. Mas, algum aspecto serviu de base no seu processo de resposta para definir o lanche como aceitável. Ele pode ter achado o sanduiche delicioso, ou simplesmente rápido, mesmo que o sabor não fosse dos melhores. Ou ainda, só achado que pelo preço era o que ele podia pagar para atender a fome que ele tinha. Ou até por acreditar que a alternativa de ficar sem comer ou trazer um lanche de casa é muito pior. Na prática, independente do que ele tomou como base, a resposta era que a escolha do sanduiche é aceitável.

Algo semelhante se passa quando qualquer pessoa tem que tomar uma decisão financeira. Seja uma aplicação bancária pessoal ou um investimento de um empresário em um projeto a decisão de aceitar ou não, vai estar na base de qualquer constructo mental. Enquanto a maioria afirme que busca identificar o valor que agrega, para algumas pessoas o tempo é o essencial, para outros a taxa em percentual é o driver e há os que usam indicadores.

Existem quatro métodos de avaliação que estão presentes na literatura acadêmica: Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), Payback e Indíce de Lucratividade (IL). Cada um destes métodos foca o processo decisório em um tipo de variável, seja: Dinheiro a valor presente, taxa, tempo e índice.

Mesmo quem nunca leu nada de administração na vida, mas já tomou alguma decisão de compra, já usou alguma destas técnicas de forma inconsciente para aceitar ou não as alternativas propostas. Algum método de avaliação sempre está sendo usado, até mesmo: quando se compra uma lâmpada, ou se decide colocar o Kit-gás no carro, ou adquirir um CDB, ou simplesmente aumentar os estoques de um produto na geladeira de casa.

O Valor Presente Líquido é o método mais consagrado e que permite reconhecer se há agregação de valor. Ao trazer a valores atuais o que se recebe e o que se paga em um projeto, analisa-se o sinal do resultado, sendo positivo aceita-se o projeto. O sinal positivo significa que o que se espera receber é superior ao que se espera pagar, considerando o valor do dinheiro no tempo.

A Taxa Interna de Retorno representa em percentual a rentabilidade periódica embutida no projeto, para projetos de investimento basta esta ser superior ao custo de oportunidade assumido. Assim se você já tem uma aplicação que te remunera 1,3% ao mês e alguém oferece uma aplicação de risco igual ou maior que te pague somente 0,7% ao mês você irá rejeitar.

O Payback apresenta o tempo de recuperação de um investimento. Instrumento muito interessante para identificar projetos que precisam se mostrar uteis antes de mudanças tecnológicas ou contratuais. Assim se alguém for prestar um serviço para uma prefeitura pode desejar que os honorários cubram seu investimento antes das próximas eleições. Um telefone pode até durar muitos anos, mas a compra de um aparelho ultramoderno estará ultrapassado na chegada da nova tecnologia. As empresas que instalam kit-gás gostam de dizer que quem roda mais de 500 km por mês irá recuperar o que investiu em menos de meio ano.

O Índice de Lucratividade diz quanto se recebe de volta em valores presentes para cada real investido. Para ser aceito ele deve ser superior a 1. Sendo assim se um investimento tem um IL=1,5 é o mesmo que dizer que “para cada real investido agrega-se cinquenta centavos”. De modo análogo se IL=0,80 haverá “uma perda de vinte centavos por real investido”.

Cada método tem seus prós e contras como complexidade no VPL ou limitação para ordenação entre projetos nos demais métodos. Qual é a diferença entre ordenação de projetos e a sua aceitação? Se você entra num restaurante e te apresentam um cardápio com 30 pratos diferentes, você pode identificar que 12 pratos são aceitáveis seja pelo preço ou porque os demais levam alguma substância que você não pode ou detesta. Desta uma dúzia de pratos aceitáveis, você pode até fazer uma ordenação de preferência.

*Oscar Lewandowski.
Atualmente é professor UFRJ/FACC Curso de C. Contábeis. Tendo já lecionado no IBMEC-RJ, UNIFESO e UFF, além de atuado no Mercado Financeiro. Formação como doutor pela FGV EBAPE-RJ, mestrado IBMEC-RJ e graduado como economista na UFRJ-FEA.

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