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Fusões e aquisições: das Startups às Grandes Empresas

Carlos Franchi
Sócio da Franchi Consultoria
Executivo da OFconsult

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“Segundo notícia publicada no Valor Econômico (relatório da consultoria PWC), o número de fusões e aquisições no Brasil no período entre janeiro e novembro de 2020 foi de 909 transações, o que representa 42% acima da média do mesmo período dos últimos 5 anos. As áreas de Tecnologia de Informação e Internet lideraram o movimento com quase 44% do total.  Esta demanda está especialmente aquecida pela crise sanitária e trajetória anterior já ascendente”.

“Segundo a revista Exame, os principais movimentos de fusões e aquisições foram 12 compras do grupo Notre Dame Intermédica ampliando sua presença em regiões prioritárias, 9 do Magazine Luiza em sua expansão / diversificação para os serviços digitais e na ampliação da capacidade logística, 5 do grupo Locaweb em inteligência artificial, marketing e logística, 3 da Loft, empresa nova, com foco em especialização em reforma e negociação de imóveis (um novo unicórnio brasileiro). A Loft investiu em pesquisas de mercado, em locação de apartamentos residenciais para estadias de curta duração e em financiamento de imóveis”.

Estas notícias reforçam tendência mundial para 2021, presente em vários outros relatórios importantes como JP Morgan, Bain and Company e KPMG. Este é um movimento de mudança no mercado, tracionado, além dos motivos tradicionais, pela aceleração da transformação digital e da obsolescência antecipada de alguns modelos tradicionais de negócio, pós COVID, a importância crescente de questões do trinômio ESG (Environment, Social e Governance) e o uso cada vez maior da modalidade de corporate venture.

Corporate venture é o termo usado para as grandes empresas que se tornam elas mesmas incubadoras e/ou aceleradoras de startups. Com escassez de oferta de empresas do novo mundo e as empresas tradicionais tendo que se inserir num novo contexto de mercado digital e/ou com seu modelo de negócio se exaurindo, a procura por empresas do novo mundo tornou-se até desesperadora para algumas tradicionais. A Corporate venture surge como opção de investimento e coloca as boas startups e scale-ups frontalmente no jogo das aquisições. Uma startup é uma empresa em seu estágio inicial, até experimental à procura de um modelo de negócios repetível e escalável para seus produtos e serviços, trabalhando em condições de extrema incerteza. Uma scale-up é uma empresa jovem que já validou seu modelo de negócio e produtos / serviços e trabalha em escala de crescimento alto (acima de 20%).

Portanto a tua empresa (mesmo uma startup com MVP pronto) pode neste momento estar sendo cobiçada por outra ou estar se interessando por outras, num movimento constante e acelerado de interações neste mercado. A palavra da moda é agilidade, mas agilidade aqui significa adaptabilidade (a necessidades, a mudanças, a novos contextos). Não significa necessariamente rapidez. Aliás Fusões ou Aquisições são projetos complexos! Segundo a revista Harvard Business Review o percentual de falha nestes projetos oscila entre 60 e 90% dependendo do setor.

Tendo experiência em projetos de aquisições e fusões, atuando nos dois lados, o do comprador e o do vendedor e quase 40 anos em projetos de tecnologia (operacional e TI), me coloco como observador privilegiado das grandes mudanças deste período, até as de hoje com a Indústria 4.0. Posso afirmar que a transformação digital e a transformação organizacional, em conjunto, formam hoje a maior ameaça para quem acha que terá mais tempo a frente para pensar e se organizar. Como ainda não há empresa espiritual….melhor não esperar. Algumas dicas abaixo:

Os maiores desafios destes projetos estão em:

  • Ter forte e experiente gestão de projetos ou programas ao seu lado.
  • Ter forte e experiente gestão de mudanças (Pessoas) ao seu lado.
  • Ter claramente definidos os objetivos e o propósito do projeto
  • Ter um plano estratégico (incluindo Business Case) e tático iterativo (adaptativo) para o projeto e analisar dinamicamente riscos e oportunidades em todas as interações internas e externas às dimensões consideradas no plano (ESG, Mercado, Economia, Inovação, Tecnologia, Política, Cultura, entre outras). Atentar notadamente para riscos e oportunidades que possam gerar novos contextos. Lembrar que hoje pouco importam as informações do passado para decisões, o que interessa agora é cada vez mais o futuro. Portanto a tecnologia de informação e comunicação, ou seja, todo e qualquer processo digital, passa pela essência do plano.
  • Ter um plano estratégico e tático iterativo de mudanças (pessoas!!) para saber se, onde, como e quando integrar culturas, definir prioridades das mudanças (releases e iterações), considerando o fator humano como centro, definir lideranças formais e informais da mudança, minimizar impactos em pessoas e maximizar resultados, obter a motivação e engajamento necessário ao projeto, desenvolver um plano formal e informal de comunicação, entre outros pontos relevantes.

Uma startup, por exemplo, terá de se mirar no espelho acima e refletir para a grande empresa ou investidores a imagem mínima de atratividade e organização para fazer jus a algum grau de investimento. Terá de ter além de um bom produto ou serviço, uma visão clara de seu objetivo, propósito e identidade, um plano estratégico de seu projeto, um plano de pessoas e gestão de mudanças e já uma boa governança implantada. Caso contrário, o processo de fusão ou aquisição poderá entrar para o índice percentual de falhas.

 

 

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