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Fernando Perasso
Especialista em Transformação Digital

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Entrevista concedida pelo Especialista em Transformação Digital, Fernando Perasso, ao PME NEWS, edição de Junho de 2021 – Tema: “A nova fase da Transformação Digital, o que vem por aí?”.

PME NEWS – Estamos diante da nova fase da Transformação Digital. O que vem por aí?

Fernando Perasso – Eu vejo que estamos em uma constante transformação, habilidades e conceitos atuais serão considerados desatualizados em questão de meses, parece até clichê, mas nunca vimos tantas mudanças afetarem as empresas e pessoas tão rápido.

O que vem por aí tende a moldar as empresas, produtos e serviços cada vez mais baseados nos hábitos de vida das pessoas e suas rotinas, com visão do consumidor sempre no centro das decisões, onde as escolhas e opiniões interferem na forma de desenvolver novas propostas e ideias.

PME NEWS – Qual será o impacto desta nova transformação em nosso dia a dia?

Fernando Perasso – Com uma maior oferta de tecnologias em produtos e serviços, temos a oportunidade de facilitar nossas rotinas com comodidades, promover soluções com custo acessível, aumentar a área de cobertura de comunicação de alta velocidade, impactando na alteração de comportamento das pessoas.

De modo prático a transformação digital contribuirá para embarcar soluções em equipamentos simples, mas que ajudarão muito a vidas das pessoas no dia a dia. Startups em parcerias com grandes empresas estão desenvolvendo mochilas que auxiliam deficientes visuais mapeando seu trajeto e informando se há algum obstáculo ou algum risco; sapatos com sensores que auxiliam idosos a não tropeçar; medidores de glicemia em formato de adesivo e conectado a um celular controlando o açúcar no sangue do paciente sem a necessidade de uso de agulhas.

Essas mudanças de hábitos contribuem para aumentar a longevidade das pessoas e com qualidade de vida.

PME NEWS – Quais são os benefícios que ela proporcionará?

Fernando Perasso – Os principais benefícios desta transformação estão na produtividade e escalabilidade dos serviços, computação em nuvem, IoT (Internet das Coisas) e 5G. Uma tecnologia complementando a outra, serviços em nuvem reduzem tempo de preparação de ambientes pelos profissionais de qualquer área, proporcionando mais tempo e espaço físico para o aproveitamento do que realmente pode agregar valor na cadeia de produção.

Com o IoT podemos automatizar processos que vão de acionar o ar-condicionado remotamente, para quando chegar a casa ter um ambiente agradável; refrigerador que reconhece que a cerveja está acabando e oferece a busca de promoções de acordo com o gosto do consumidor através de aplicativos; vasos inteligentes que adicionam água nas plantas enquanto estamos fora até o controle de subestação de energia de forma remota.

A tecnologia 5G proporcionará maior velocidade de comunicação entre equipamentos móveis que exigem respostas rápidas de suas centrais como carros autônomos; sensores de precisão para Agro, mapeamento de áreas com drones com tomada de decisão de dispersão de insumos ou defensivos. E maquinários na indústria, onde as tomadas de decisões devem ser mais ágeis e precisas.

PME NEWS – Quais serão os grandes desafios?

Fernando Perasso – Uma análise do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) mostra que cerca de 50% dos principais motivos para não adotar o acesso residencial à internet no Brasil está dividida em alto custo e interesse. Além disso, o custo elevado de equipamentos com tecnologia IoT impacta diretamente a expansão do uso de tecnologias para automação residencial, além de poucos serviços serem integrados com estes equipamentos, que gera a automação sem um propósito, exemplos: cafeteiras IoT sem uma integração com despertador; um serviço que reconheça sua posição via GPS e acione remotamente lâmpadas e ar-condicionado da residência. A própria ALEXA da AMAZON possui configurações extras quando você altera seu perfil para um endereço nos EUA e isso demonstra que ainda temos muitas oportunidades no Brasil.

PME NEWS – Como se adaptar a essas mudanças?

Fernando Perasso – A busca por informações de qualidade sobre o assunto é imprescindível. Mudança de cultura incluindo mais tecnologia nas rotinas, nas empresas as mudanças não podem ser apenas operacionais, toda a organização deve senti-la, transformando sua forma de pensar e agir. Sem alterar a cultura organizacional, isso não seria possível. Devemos acompanhar as mudanças na vida social, escolar e no trabalho, não temos mais como separar, pois tudo estará integrado.

PME NEWS – E quais os reflexos para ao mercado?

Fernando Perasso – A indústria passa pela chamada “Quarta revolução industrial”, com a adoção de sistemas com alto nível de integração e tecnologias habilitadoras, segundo levantamento da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), a estimativa anual de redução de custos industriais no Brasil, a partir da migração da indústria para o conceito 4.0, será de, no mínimo, R$ 73 bilhões/ano.

Essa economia envolve ganhos de eficiência, redução nos custos de manutenção de máquinas e consumo de energia. Esta agenda conta com universidades, centros de pesquisas e plano Nacional de desenvolvimento.  Os cursos nas universidades já estão sendo moldados para esta nova realidade, laboratórios, conteúdo e vivência, o profissional sairá com o digital mindset e pronto para a nova realidade.

PME NEWS – O Brasil está preparado para esse novo cenário?

Fernando Perasso – Há muitas oportunidades neste mercado, diante deste cenário, o MDIC (Min. Indústria, Comércio e Serviços) instituiu, em junho de 2017, o Grupo de Trabalho para a Indústria 4.0 (GTI 4.0), com o objetivo de elaborar uma proposta de agenda nacional para o tema. Em janeiro de 2019 esse ministério passou a ser uma secretaria dentro do Ministério da Economia, a SECINT – Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais. O GTI 4.0 possui mais de 50 instituições representativas (governo, empresas, sociedade civil organizada, etc).

Com todas essas iniciativas haverá muitas oportunidades de trabalho, estudos e desenvolvimento de pesquisas. As pequenas e médias empresas têm a oportunidade de se transformar muito mais rápido que as grandes, pois seus times e processos são reduzidos e podem adaptar-se e moldar-se ao mercado facilmente.

PME NEWS – Como as pequenas empresas poderão beneficiar-se com esta nova transformação?

Fernando Perasso – O BNDES e EMBRAPII disponibilizaram linhas de crédito especiais e fomentos para desenvolvimento destas tecnologias para pequenas e médias empresas, além de apoiar projetos de startups em incubadoras das universidades por todo o país. Até abril deste ano foi investido mais de R$ 1,6 bilhões em projetos de empresas e P&D além de 816 empresas apoiadas.

O desafio do Brasil é recuperar o atraso frente ao mercado internacional, criar um ecossistema que incentive o investimento e capacitar as pessoas tendo a oportunidade de aprender com exemplos (acertos e erros de outros países mais adiantados).

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