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REALIZAÇÃO: Bit Partner | DIREÇÃO: Sidney Cohen

Trabalho x Emprego

A relação “Trabalho x Emprego” ganha repercussão com a onda de desemprego e o novo mercado de trabalho, impulsionado com novas opções de atividades, a exemplo do Uber e Airbnb. A essência dessa relação fica evidente quando a atividade torna-se produtiva, podendo ou não ser remunerada, conforme sinaliza a especialista em Desenvolvimento Humano, Mônica Barg em entrevista exclusiva ao PME NEWS.

O trabalho Intermitente, Remoto e a Terceirização, inseridos na reforma trabalhista e seus impactos ao cenário PME, a preocupação bi-lateral da empresa e do colaborador em se prepararem para atender ao novo mercado também são analisados nessa edição. Confira!

Bastidores

  • Segundo a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), até 2019, 50% dos varejistas terão adotado uma plataforma de comércio de varejo de Omnichannel, que permitirá um aumento de até 30% na rentabilidade do omnicanal. O Omnichanel faz referência a todos os canais de uma empresa conectados. O cliente poderá, por exemplo, fazer o pedido de um produto específico via aplicativo, dentro da loja física e solicitar ao vendedor para recebê-lo em casa.
  • De acordo com o IBGE, 45% dos brasileiros trabalham na informalidade, desses 8,5 Milhões vivem de artesanato e customização e movimentam R$ 50 Bilhões por ano.
  • A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) projeta expansão de 8% no faturamento até o fim do ano no gênero beleza, sobre os US$ 72 bilhões contabilizados no ano passado. As vendas on-line contribuem para esse crescimento boa parte atribuída ao publico masculino. Segundo a Euromonitor, o Brasil é o segundo mercado mundial de consumo de produtos de beleza masculina, atrás somente dos Estados Unidos. Mas as mulheres são as grandes protagonistas no consumo web, de acordo com a pesquisa da plataforma digital Sophia Mind, 88% das mulheres brasileiras usaram a internet para obter informações de produtos, processos de compras e tutoriais de beleza em 2017, frente a 58% em 2013. Outro estudo feito pela Nuvem Shop, um dos maiores market place do país, revela que o setor de cosméticos evoluiu 107% no primeiro trimestre do ano comparado ao mesmo período do ano passado. O segmento ficou na vice-liderança da pesquisa direcionada às lojas virtuais, atrás de moda e acessórios, que aumentaram 148%. 

Novos Desafios

  • FT contrata Fernanda Rodrigues como nova diretora de RH.
  • Diego Dzodan é o novo CEO da Facily, startup de serviços.

Dados Impressionantes

  • Segundo o levantamento realizado pelo Sebrae em 2017, o Brasil possui 6.649.896 de trabalhadores com registro de Microempreendedores Individuais (MEI) e 45% deles operam na própria residência. A economia com o aluguel e transporte, além da qualidade de vida são fatores apontados pelo estudo para o alto índice.
  • O empreendedorismo cresce no Brasil. Para fugir do desemprego, os brasileiros apostam no próprio negócio. Segundo o Sebrae, 48 milhões pessoas entre 18 e 64 anos têm um negócio próprio ou estão envolvidos na criação de um.
  • Um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado em outubro aponta que os países ganham produtividade quando há o aumento da participação feminina no mercado de trabalho. Em países como o Egito, por exemplo, o estudo afirma que “as barreiras à participação da força de trabalho feminina são equivalentes a um imposto adicional de cerca de 50% sobre a renda do trabalho das mulheres”. Sem essas restrições, o PIB do país poderia ser 60% maior. Segundo o levantamento, algumas medidas podem ser tomadas pelos governos de países para promoverem maior acesso das mulheres ao mercado, como, por exemplo: “leis para garantir que as mulheres tenham direitos iguais à propriedade e acesso ao crédito” e “combate à desigualdade de gênero na educação e cuidados de saúde, incluindo licença-maternidade e paternidade financiada pelo poder público e assistência infantil”.

Agenda

  • 26 a 27 de Novembro – São Paulo – SP
    AgriNext Fórum
    Local: Transamérica Expo Center
  • 26 a 28 de Novembro – Rio de Janeiro – RJ
    Rio Water Week
    Local: Riocentro

Entrevista

Esta coluna é destinada a entrevistas com especialistas, gestores, executivos e empresários de destaque.

Segue abaixo a entrevista de Monica Barg.

PME NEWS – Qual a diferença entre trabalho e emprego?

Monica Barg – O emprego pressupõe uma relação entre empregador/empregado que é uma tratativa formal e organizada na qual o colaborador é remunerado para realizar tarefas específicas. Já o trabalho está ligado a atividades produtivas e tudo que se produz é trabalho. O trabalho voluntário exemplifica bem isto. Assim, o trabalho também pode ser composto de várias atividades produtivas sejam estas remuneradas ou não.

Na nossa cultura fomos acostumados a confundir o trabalho com o emprego enquanto ter um emprego é tão somente uma das formas de trabalho, aquela mais organizada tanto social quanto empresarialmente.

Muitos profissionais têm grande dificuldade de identificar formas de trabalho que não seja o emprego “tradicional”, como conhecemos, estamos no meio desta transição em que cada vez mais a atividade produtiva é que fará a construção da carreira e não somente o emprego. Com esta transformação, a Empregabilidade, ou seja, a capacidade de se manter empregável, talvez esteja mais próxima da trabalhabilidade, a capacidade de ser produtivo.

PME NEWS – Qual é o impacto da reforma trabalhista para as Pequenas Empresas?

Monica Barg – A reforma trabalhista traz timidamente mudanças que são consideradas perdas sociais em relação à CLT, mas é extremamente necessária uma adequação para a forma que se trabalha hoje no mundo. Precisamos olhar separadamente para o Brasil em crise e as mudanças estruturais da nova economia. Mesmo em países onde a legislação trabalhista é mais recente, é necessária uma adequação, já que as mudanças tecnológicas e sociais avançaram muito rapidamente.

O trabalho Intermitente, Remoto (Home Office) e a Terceirização são os pontos que podem ajudar as pequenas e médias empresas a terem mais alternativas, custos reduzidos e a gerarem valor na economia.  O trabalho em rede, ou seja, por projetos, durante um determinado período e atendendo às necessidades da empresa com competências específicas.

Estamos vendo as PMEs utilizarem este formato ainda de maneira tímida, a mudança de mentalidade ainda está em curso acompanhada da lentidão ocasionada pela crise e ainda o fato de que somos muitos relacionais, ou seja, preferimos as relações de longo prazo em se é amigo ou até parente do colega de trabalho. Assim as contratações eventuais ainda estão em adaptação, tendem a aumentar quando o empresário validar custos e benefícios nos resultados a médio prazo.

PME NEWS – Como as empresas devem preparar os funcionários jovens para assumir os cargos estratégicos?

Monica Barg – A resposta está em construção, o ambiente atual é o novo mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo). Para o trabalho em rede, posições estratégicas terão de liderar, inspirar e motivar times multidisciplinares e muitas vezes multiculturais.

Assim as competências exigidas deixam de ser somente técnico-funcionais e passam a ser de comportamento e relacionamento. Lidar com a ambiguidade, diversidade, capacidade de construir soluções será necessário para esse novo contexto.

Em atendimento lido com jovens líderes buscando capacitar-se para este desafio e “os menos jovens” para buscar estas novas exigências.  A Leitura e informação diversificadas são o caminho para a construção destas competências que não estão consolidadas ainda em cursos e universidades. Acredito ainda que a melhor forma de se preparar é fazendo, tudo aquilo que for levado para prática poderá ser testado, pensado e reformulado. Pode parecer que falta de conceito, porém, esta geração é a da prática, da velocidade, produtos e serviços hoje já são concebidos em lançamento com a participação do mercado. Assim para ser estratégico é necessário curiosidade, coragem e muita ação. Ninguém mais dirá o que fazer, portanto: Vai lá e faz!

PME NEWS – Qual o perfil de profissional que se destaca no cenário PME, o generalista ou o especialista?

Monica Barg – Próximo do que mencionei anteriormente, o mercado está mudando muito mais rápido do que o ensino acadêmico. O especialista será sempre valorizado, mas, neste momento, a distância da especialidade para a prática é muito grande e, adicionalmente, algumas especialidades deixarão de existir com a evolução da robótica e inteligência artificial. Não sabemos ainda o alcance destas mudanças, ou seja, os conceitos estão em revisão. Se olharmos para 3, 5, 10 anos atrás as mudanças são enormes e aquilo que atendia ao cenário empresarial não se aplica mais.

Temas desejados nas competências do generalista ampliaram-se e mudaram completamente o perfil. Assim, competências como visão sistêmica, adaptabilidade e capacidade de lidar com a ambiguidade fazem o generalista mais atraente para este momento de mudanças significativas.

Futuramente, para grande maioria dos temas, esta divisão entre generalista e especialista deixará de existir e caminharemos para uma combinação de Hard Stills e Soft Stills, ou seja, competências técnicas e comportamentais que juntas compõem o perfil desejado.

PME NEWS – Com a automatização cada vez mais presente no mercado de trabalho, quais profissões se evidenciam e quais sumirão em breve?

Monica Barg – Já é realidade, humanos e robôs trabalhando no mesmo ambiente, as atividades repetitivas e padronizadas por óbvio tendem a ser substituídas e a inteligência artificial trará uma nova forma de trabalho para outras áreas como a jurídica, por exemplo, em que a busca de informação e conteúdo será feita roboticamente.

Assim, os temas nos quais o profissional se conecta será o mais importante, porém, a forma de trabalhar será outra, exigindo novas competências. Teremos atividades de advogados, jornalistas que tendem a se modificar exigindo habilidades mais específicas que não podem ser feitas pelas máquinas: a personalização, o relacional e análise crítica e contextual serão de extrema importância, enquanto a pesquisa, compilação e organização de dados, leitura e redação poderão ser feitas mecanicamente. Com este raciocínio trabalhos como os de intermediação e análise padronizada tendem a desaparecer, eliminando atividades como corretagem, análise de crédito, orçamentistas.

A tendência para as profissões do futuro é se ligar mais a temas que atividades, dada a indefinição da estrutura mercadológica e empresarial. Podemos dizer que todos os temas ligados ao meio ambiente e sustentabilidade estarão em ampliação além deste, qualidade de vida, logística, desenvolvimento humano são algumas das apostas “humanas” para o futuro robótico.

PME NEWS – Quais estratégias e métodos podem ajudar o profissional a desenvolver uma carreira de sucesso em uma mesma empresa?

Monica Barg – Falamos de empregabilidade, trabalho em rede e novas competências, então o que seria uma carreira de sucesso?  Diante das mudanças, a busca é de evolução, uma sucessão de atividades produtivas com resultados para as duas partes.  A partir daí pode ser em uma mesma empresa seja em várias. Vemos que  o colaborador prefere buscar uma nova empresa a tentar uma alternativa na mesma organização e, por outro lado,  a empresa desconhece as competências do time e busca soluções no mercado. Criam-se rótulos e as possibilidades de evolução se fecham. O desafio organizacional é ter seu Banco de Talentos atualizado, isto é, quais são os interesses? O que tem lido, visto e se interessado e aí pode estar uma oportunidade de aproveitar este talento.

Já o profissional deve manter a empresa e gestor informados sobre seus interesses e ter uma visão sistêmica. Como exemplos temos o colaborador que vai pelo seu próprio esforço fazer um MBA e não comunica à organização, sim é comum!  Ou ainda o colaborador que busca crescimento e não sabe o posicionamento da empresa, faturamento, concorrentes, falta visão sistêmica.  Qual a melhor estratégia? Seja curioso, estude, pergunte, estabeleça uma cronologia de ação e vá em frente!

PME NEWS – Que dicas você dá aos jovens que ingressam no mercado de trabalho?

Monica Barg – A dica começa na escolha profissional. Não escolham profissão pela matéria que de gostam ou tem facilidade na escola, pensar somente desta forma sem analisar o perfil pessoal, talentos, forma de trabalho e mercado leva o jovem a uma escolha obtusa com grandes chances de uma interrupção do curso.  Para a entrada no mercado é importante que se dê o quanto antes, muitos jovens concentram-se nos estudos e deixam o estágio obrigatório para o final do curso, atuando no mercado a aprendizagem de trabalho e o aproveitamento do curso será ampliado.

Na classe média vejo jovens em múltiplos intercâmbios, emendando cursos sem experiência prática e mesmo com tanta formação acadêmica há a dificuldade de uma primeira colocação, recomendo para pais que estimulem o emprego de verão, atividades operacionais simples, funções burocráticas do dia a dia podem ensinar resiliência, paciência, diversidade e ser uma fonte de aprendizagem.

Aqueles já na universidade busquem programas de carreiras, instituições de estágio, sejam curiosos sobre os negócios que os familiares e amigos têm, as oportunidades existentes na sua rede podem ajudar na construção da carreira.

Por fim, a carreira é sua! Não espere a empresa ou aquela vaga para atuar, a sua marca pessoal será construída pela sua curiosidade, pró-atividade, disciplina e ação. Isto não pode ser terceirizado!

Pense Nisso

“A atividade produtiva é que fará a construção O Tempo dura bastante para aqueles que sabem aproveitá-lo”.

Monica Barg

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