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Gestão nas Pequenas e Grandes Empresas: Uma via de mão dupla

Sidney Cohen
Palestrante
CEO da Bit Partner Consultoria Empresarial
CEO do PME NEWS

Você já parou para pensar em como pequenas e grandes empresas aprendem umas com as outras?

Durante muito tempo, parecia que o caminho era de “mão única”: pequenas empresas aprendendo com as grandes, tentando copiar suas estruturas robustas e processos bem definidos. Hoje, o cenário é outro. Cada vez mais, as grandes se inspiram nas menores, principalmente nas startups, em busca de agilidade e inovação.

Nesse intercâmbio, cada lado contribui com o que tem de melhor. As pequenas mostram como ser flexível, se adaptar rápido e criar uma cultura mais leve, capaz de gerar resultados. Já as grandes, por outro lado, compartilham experiência em planejamento de longo prazo, processos eficientes e estruturas sólidas, essenciais para crescer com segurança. E o mais importante é que nesse processo de gestão de “mão dupla”, todos ganham, com um modelo mais maduro, inovador e de crescimento para ambos.

Veja o caso da startup de mobilidade 99. Nos primeiros anos, ela se inspirou no modelo desenvolvido pela Toyota, famoso por buscar melhorias contínuas na qualidade, reduzir desperdícios e garantir a satisfação do cliente.

Ao trazer esse conceito para a mobilidade urbana, a 99 passou a trabalhar com ciclos curtos de teste e aprendizado, aplicados tanto na frota quanto no aplicativo. Essa prática tornou os processos mais ágeis, elevou a qualidade do serviço e ajudou a empresa a se destacar em seu segmento.

O Nubank é outro bom exemplo. Apesar de ter nascido como fintech, ágil e inovador, buscou referências nas gigantes da tecnologia, como a Microsoft, construindo uma estrutura de software sólida, garantindo assim a eficiência e qualidade mesmo diante de um crescimento acelerado.

 Invertendo a mão:

A pandemia representou um divisor de águas para muitas empresas, especialmente as de grande porte. A Magazine Luiza, já em processo de transformação digital, é um excelente exemplo. Diante do cenário desafiador, a companhia acelerou seus processos e se inspirou na gestão ágil das startups. O resultado foi expressivo: o lançamento do Parceiro Magalu permitiu que pequenos lojistas ingressassem no comércio eletrônico, enquanto, entre 2020 e 2021, a aquisição de 17 startups nas áreas de tecnologia, logística e e-commerce fortaleceu a operação digital e acelerou o crescimento dos negócios online.

A Unilever é outro bom exemplo de uma grande empresa que se reinventou em tempos de crise. Diante da interrupção das cadeias de varejo tradicionais, a companhia decidiu ir além dos supermercados e acelerar a venda direta ao consumidor (D2C), especialmente por meio do e-commerce.

Para viabilizar essa estratégia, a Unilever montou equipes multifuncionais e projetos-piloto ágeis, inspirados na cultura de startups, que permitiram testar rapidamente novas plataformas online para marcas como Hellmann’s e Omo. A abordagem de “lançar rápido e aprimorar depois” tornou possível abrir um canal de vendas completamente novo em tempo recorde, algo que, em modelos tradicionais, poderia levar anos.

Enfim, os exemplos apresentados mostram que o aprendizado entre pequenas e grandes empresas deixou de ser unilateral. Hoje, a troca é contínua: startups e empresas menores trazem agilidade, inovação e flexibilidade, enquanto grandes organizações compartilham experiência, processos estruturados e visão estratégica de longo prazo. Quando essas forças se combinam, os desafios deixam de ser obstáculos e se tornam oportunidades de crescimento. Essa colaboração permite conquistar resultados não apenas estratégicos, mas também economicamente sustentáveis, criando negócios mais resilientes, preparados para se adaptar rapidamente às mudanças do mercado e às demandas dos clientes.

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