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Qual a melhor estratégia: Decidir ou Esperar?

Oscar Lewandowski
Economista e Professor da UFRJ/FACC Curso de Ciências Contábeis.

Saber qual é o momento de tomar uma decisão é tão difícil quanto saber qual decisão deve ser tomada. Isso é válido para muitas situações da vida. Ter dúvidas é algo que pode ocorrer com qualquer pessoa. Assim, mesmo que uma decisão seja adequada, devemos também pensar em quando tomá-la.

Por incrível que pareça, isso é válido para qualquer nível de decisão — seja pessoal, empresarial ou governamental. Desde uma compra na esquina de casa até uma decisão de um general no campo de batalha, duas perguntas estão intrinsecamente ligadas: “o que fazer?” e “quando fazer?”.

De acordo com Sun Tzu, no livro A Arte da Guerra: “Triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar.” Uma frase semelhante, atribuída a Napoleão, é: “Quando o resultado de uma batalha é incerto, o seu adiamento já é uma vitória.” Há quem diga que Napoleão, inclusive, tinha em sua “cabeceira” o livro de Sun Tzu.

Mas o que isso tem a ver com decisões comerciais?

Na década de oitenta, um dos livros mais recomendados aos estrategistas de mercado era A Arte da Guerra; até hoje, há quem sugira sua leitura em escolas de negócios. A relação direta entre estratégias militares e estratégias de investimento está presente no filme Wall Street – Poder e Cobiça, de 1987. No filme mencionado, o personagem interpretado por Michael Douglas recomenda ao seu pupilo, vivido por Charlie Sheen, a leitura do livro acima citado, trazendo à tona o debate sobre ética nos negócios.

Quantos de nós já compramos algo porque fomos instigados a adquirir naquele determinado momento? Assim como, quantas vezes já nos arrependemos por não termos feito uma compra quando tivemos a oportunidade? Conheço casais que contam ter visto um objeto desejado durante uma viagem e, ao ouvir o marido dizer: “Comprarei na próxima loja”, acabaram frustrados — na loja seguinte o produto estava mais caro, era de pior qualidade ou simplesmente não havia outra chance de aquisição.

Há famílias que, ao recordarem uma viagem, associam o passeio não apenas aos lugares visitados, mas também ao que compraram a mais — ou ao que deixaram de comprar ou fazer. Assim, a memória pode destacar não os momentos bons, mas aquele instante de frustração, seja por não terem feito algo que desejavam, seja por terem dedicado tempo ou dinheiro a algo de que depois se arrependeram.

Veja, de forma bem-humorada, que se algo parecido aconteceu (ou acontece) com você, é simplesmente porque você é humano!

Oportunidades desperdiçadas ocupam nossa memória, frequentemente, no lugar das oportunidades aproveitadas. No mundo dos negócios, diz-se que reconhecer boas oportunidades é uma arte. Enquanto alguns acreditam que isso pode ser desenvolvido por meio de uma rede de informações, outros defendem que a experiência adquirida gera uma capacidade perceptiva sobre o que e quando fazer. Para alguns, a intuição é considerada nata.

No mundo moderno, que acredita que a tecnologia é capaz de construir modelos preditivos “confiáveis”, as apostas estão em sistemas capazes de identificar tendências de mercado — ou, pelo menos, os ciclos de certos produtos, com seus respectivos pontos mais altos e mais baixos.

Note que, se a informação é amplamente disseminada, nenhum agente poderá se beneficiar de forma significativa ao identificar uma mudança inesperada. Do mesmo modo, assim como essa busca por vantagem pode ocorrer por meio de tecnologia avançada, ela também pode se dar através de informação adquirida de forma imprópria — como nos casos de “informação privilegiada”.

No mundo real, encontramos pessoas que, sistematicamente, deixam para fazer suas aquisições sob pressão ou no último momento — assim como outras que sempre são as primeiras a comprar. A maioria busca realizar suas compras no momento em que acredita ser o melhor, baseando-se em impressões pessoais ou em informações levantadas por especialistas em determinado assunto.

Ainda que as tendências apontadas em jornais — como comportamento do câmbio, taxa de juros e crescimento econômico — possam estar corretas, por serem informações públicas, tendem a não gerar oportunidades de rentabilidade superior à média. Oportunidades substanciais surgem quando alguém percebe algo que difere da percepção da maioria.

Quando uma pessoa acerta muitas vezes, pode se sentir tentada a acreditar que “pegou o jeito”. Enquanto o erro pode comprometer o nível de confiança de um tomador de decisão, o acerto pode levá-lo a níveis de exposição ao risco muito maiores — ambos podendo ser nocivos.

Para evitar cair em armadilhas, a fórmula mais comumente indicada nas escolas de negócios é: planejar antes de agir, conhecendo o mercado e a si mesmo. Pessoalmente, eu incluiria ainda um conselho adicional: nunca ir com muita sede ao pote e sempre manter outras portas abertas.

*Oscar Lewandowski.
Atualmente é professor UFRJ/FACC Curso de C. Contábeis. Tendo já lecionado no IBMEC-RJ, UNIFESO e UFF, além de atuado no Mercado Financeiro. Formação como doutor pela FGV EBAPE-RJ, mestrado IBMEC-RJ e graduado como economista na UFRJ-FEA.

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